Ela aí está, a semana do Salão Imobiliário de Portugal, a semana do SIL, a sempre esperada semana do réveillon imobiliário, considerando que este evento – o maior evento sectorial que se realiza entre nós – marca um novo ano para o sector imobiliário português, marcando-lhe, quase invariavelmente, a agenda até à próxima edição.
Uma agenda este ano assombrada pelo espectro de um novo imposto a pairar sobre o património construído, um imposto que se aplicará a partir de determinados valores, não necessariamente unitários pois até um cúmulo de valores patrimoniais tributáveis será passível desta nova pena.
Mas ao contrário das penas que são aplicadas em cúmulo jurídico, esta pena do anunciado novo imposto coexistirá com os impostos sobre o património já existentes, se vier a ser realmente aplicado no âmbito da engenharia de receitas que o próximo Orçamento de Estado consagrará.
Esta é, aliás, uma das sombras deste Salão Imobiliário de Portugal, esta edição 2016 do SIL que hoje abre na Feira Internacional de Lisboa, salão marcado, no primeiro dia, pela entrega dos Prémios SIL 2016, a que se seguirá, amanhã, a Conferência SIL – “ O Paradigma entre o Imobiliário e o Turismo” – e na sexta-feira o seminário da Associação de Profissionais e empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
O SIL é, realmente, a semana do reveillon imobiliário em Portugal. Marca a entrada de um novo ano imobiliário e o ritmo do sector. Sempre em permanente discussão, principalmente quando se assume como um dos motores da retoma, o imobiliário português equaciona, neste tempo, as questões que parecem separar o Arrendamento Urbano do Alojamento Local.
Tudo isto está aliás ligado. Como estão ligados o Turismo Residencial e o Imobiliário ou como não podemos divorciar a problemática de possível introdução de um novo imposto com a necessidade de mantermos o ritmo de captação de investimento externo na Economia portuguesa. Uma “ajuda” que está, felizmente, a acontecer pela via do imobiliário mas que pode ser posta em causa pela nossa crónica gula fiscal.
Em qualquer aniversário, seja na festa de anos de qualquer pessoa seja na festa que assinala a mudança de ano, há sempre vontade de brindar ao futuro. Isto mesmo acontecerá no SIL 2016 que sendo um marco do sector é também, em grande medida, o momento de entrada de um novo ciclo nesta importantíssima actividade económica.
Todos nós, inquilinos / arrendatários ou proprietários, construtores ou criadores de espaços, políticos ou urbanistas, neste sector globalmente considerados cidadãos na dupla concepção do palavra – fruidores de cidadania e gente que vive em cidades -, todos nós vamos querer celebrar um novo paradigma para os espaços que escolhemos para viver.
Em última análise é isto o que se celebra no SIL que hoje abre portas na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, numa festa de cinco dias que se quer realmente promissora e anunciadora de um novo e cada vez melhor tempo para as nossas cidades.
Luís Lima
Presidente da Comissão Estratégica do SIL 2016
luislima@apemip.pt
Publicado no dia 5 de Outubro de 2016 no Público