Quem lê jornais, em especial jornais especializados em matéria do universo da Economia, parece que poderá estar, no mínimo, preparado para fazer um exame de finanças públicas na mais exigente das universidades.

Das engenharias possíveis para apresentar um bom orçamento de Estado, por exemplo, em versão de ano de eleições, ao suposto rigor cirúrgico dos cortes em despesas supérfluas ou nas chamadas gorduras, tudo isto está, hoje, nos jornais.

Comunicação social que também revela os números invejáveis do crescimento na Alemanha (7% nos últimos dois anos), o nível relativamente baixo do desemprego germânico (5,5% da população ativa) e, de forma menos compreensível para quem é mais leigo, esse fenómeno que faz com que a Alemanha consiga os empréstimos mais baratos do mundo, em alguns prazos com juros abaixo da inflação prevista.

Berlim consegue empréstimos a 30 anos com juros inferiores a 2% e empréstimos a dois anos pagando juros da ordem dos 0,07%, num contraste brutal com outros países da Zona Euro, Portugal e Espanha incluídos, para citar apenas dois Estados soberanos da União Europeia.

Há, seguramente, uma razão mais plausível para esta situação que não aquela que nos remete para a maior segurança dos títulos da dívida alemã, mas tal explicação ainda não chegou ao comum dos mortais, mesmo que sejam leitores atentos dos media especializados em Economia.

Muitos deles até nem desdenhariam colocar algumas poupanças a juros de 6, 7, 10 e mais pontos percentuais, mas desconfiam que estes investimentos, cuja procura, apesar da incerteza, supera sempre a oferta, não está ao alcance de todos.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt

Publicado dia 9 de junho de 2012 no Expresso

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