O que é normal é que haja um Governo e que este tente governar mantendo, no Parla-mento, o apoio maioritário que esteve na base da sua constituição. Independentemente de gostarmos mais desta ou menos daquela solução governativa, o que realmente deve determinar um gosto nosso que tenha um denominador comum alargado é a existência de condições mínimas para que o Poder seja exercido num quadro de normalidade.

No último mês, na sequência das discussões políticas que apaixonaram os portugueses em torno da formação de uma maioria parlamentar disponível para suportar um Governo, ouvi alguém, com quem estou longe de me identificar ideologicamente, reconhecer erros cometidos no passado quando as ideologias julgavam poder impor-se, pela bondade das respectivas intenções, sem garantir um mínimo de vantagens sociais para todos.

O sucesso e a manutenção das soluções de Poder passam sempre por aí – a capacidade de resposta às expectativas que os cidadãos vão alimentando como desejáveis é, em Democracia, verdadeiramente o que determina o futuro deste ou daquele governo. Isto exige uma conciliação permanente entre as exigências de mais apoio social (leia-se mais Estado) e as necessidades de  uma política que saiba cativar o investimento privado per-mitindo-lhe retornos justos.

Todos estes condicionalismos estão presentes no imobiliário. Este é um sector que muito pode contribuir para melhorar a situação do país, gerando mais emprego e em conse-quência mais riqueza, num quadro de aceitação sem reservas e de incentivo aos investi-mentos privados, nacionais e estrangeiros, ou seja, sem que o ideológico imponha fun-damentalismos que dificultem a permanente conciliação a que já aludi.

Manter esta confiança acesa, junto dos potenciais investidores é fundamental. Sabemos que os investidores olham para o nosso mercado imobiliário com a perspectiva de gerar lucros, de forma segura. Mas também que este objectivo é compatível com o interesse, mais colectivo, de que parte da riqueza assim criada possa ajudar a melhorar a vida de quem quer trabalhar, pode ter trabalho e trabalha.

Isto será o mais difícil, mas é possível, na normalidade regressada.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 30 de Novembro de 2015 no Diário Económico

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