Por analogia, podemos voltar a falar em brasileiros torna-viagem para nos referirmos aos investidores que “retornam”, no sentido simbólico do termo, a Portugal onde investem no nosso mercado imobiliário – o Brasil é já o quarto país com mais cidadãos a procurar o mercado imobiliário português, ocupando os brasileiros o segundo lugar entre as nacionalidades que mais adquirem autorização de residência por via do programa “Vistos Gold”.

A língua comum ajuda, seguramente, muito neste incremento dos negócios, mas a situação política do Brasil – onde um dos traços dominantes é a desconfiança dos sectores mais ricos do país relativamente ao futuro próximo desta potência sul-americana – também dá alguma força, embora isto não baste e seja preciso que a oferta saiba mostrar-se de forma eficaz junto dessas procuras, a real e a potencial

Isto justifica o esforço desenvolvido, no início do presente mês de Setembro,  pela Fundação AIP, Feiras, Congressos e Eventos, que levou a São Paulo uma Missão Empresarial em parceria com a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), e com o apoio estratégico da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP).

A oportunidade era excelente. Estar presente na Convenção do SECOVI SP, a mais importante associação empresarial da construção e do imobiliário da América do Sul, é um privilégio. Mais a mais numa convenção cujo lema – a rosa-dos-ventos da indústria imobiliária – apontava para uma discussão virada para encontrar o melhor caminho a seguir pelo sector e, inerentemente, pelos investidores interessados neste sector.

Por razões já afloradas, a bússola dessa Rosa dos Ventos do imobiliário brasileiro, que pelas do magnetismo da Terra deveria apontar a Sul, por estar no hemisfério Sul, aponta a Norte, n direção de mercados no hemisfério Norte, entre os quais o português, um mercado seguro, que abre portas na Europa e que tem sabido evitar as bolhas que tanto têm atrapalhado outros mercados, incluindo em países de economias aparentemente mais sólidas.

Com os cuidados que estas situações merecem, defendi este movimento numa intervenção que proferi num dos painéis da Convenção do SECOVI – subordinado ao tema “Os mercados imobiliários internacionais”. A missão portuguesa, onde sobressaiam os representantes  do Millennium BCP, da RAR Imobiliária, da Carpe Domus, Consultoria e Mediação Imobiliária, da Castelhana, Sociedade de Mediação Imobiliária Lda e do SIIMGroup, deu força a essas minhas palavras.

Os novos torna-viagem já não são os portugueses que emigraram para o Brasil, principalmente a partir do século XVIII, para nesse país fazerem fortuna até regressarem com muitos sonhos e muitas influências sul-americanas de que a arquitetura foi a que mais perdurou. Os torna-viagem dos nossos dias são aqueles que fazem o percurso inverso, com a diferença de trazerem, na viagem inaugural, capital que podem investir cá com retorno.

É a globalização.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 11 de Setembro de 2015 no Sol

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