No célebre livro “O Admirável Mundo Novo”, o escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963) diz que os publicitários de produtos cosméticos esquecem, com frequência, as qualidades da lanolina usada nesses produtos, ignorando, por exemplo, as virtudes dessa fusão de gordura de lã de carneiro com água em favor das promessas de embelezamento feminino. Na verdade, como um industrial deste sector reconheceria, o que se vende não é lanolina, é esperança.

O testemunho deste industrial, citado há mais de meio século, não significa que a boa publicidade seja a que transmite mensagens enganosas. Estas mensagens jamais serão, pelo menos a médio prazo, eficazes e credíveis. As boas mensagens são aquelas que contemplam, num plano quase subconsciente, os nossos principais desejos – o estatuto, a fama, o Poder, a nossa afirmação. Sem esta dimensão subjectiva não vendemos um produto, mesmo que ele seja realmente bom.

É precisamente esta dimensão que deve ser procurada na acção que possamos desenvolver em iniciativas como as dos Pan European Days, que, por estes dias, e graças ao Banco Espírito Santo Investimento (BESI), levou à Bolsa de Nova Iorque algumas dezenas de empresas portuguesas, qualquer delas potencial alvo dos investidores convidados a participar nos encontros de negócios que se organizaram sob a protecção da mais antiga praça financeira do Mundo.

Tão importante como merecer a honra de tocar o sino da Bolsa de Nova Iorque, que agora só toca em momentos mediaticamente especiais e já não para marcar o início e o fim das transacções da mais antiga praça financeira do Mundo, tão importante como esse ritual é poder reunir com investidores nas adequadas instalações do Walford Astória de Nova Iorque e conseguir passar a mensagem, verdadeira, da confiança que podemos oferecer a quem queira investir no nosso país.

Isto foi aliás bem explicado pelo presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), Dr José Maria Ricciardi, um dos principais responsáveis pela presença de empresas portuguesas nos recentes Pan European Days quando referiu que tão importante como encontrar um bom caminho para reequilibrar a nossa Economia é saber dizer ao Mundo que a Economia Portuguesa também já emite  claros sinais de confiança.

A captação de investimento estrangeiro para Portugal é vital para a nossa própria recuperação e está ao nosso alcance pois, na verdade, podemos e sabemos oferecer condições muito competitivas a quem queira apostar em nós. O que nem sempre sabemos é valorizar as nossas próprias virtudes nem transmitir com eficácia a certeza de que somos de confiança , mesmo em cenários de adversidade.

O que nem sempre sabemos é como mostrar as mudanças, para melhor, que vamos sabendo assumir quando as circunstâncias o justificam. Uma tarefa, registe-se, que deve ser assumida com sentido de Estado e pelo Estado. 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com 

Publicado no dia 12 de Junho de 2013 no Público

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