Países de economias emergentes em franco crescimento e países ricos estão a assaltar as nossas Universidades e a aliciar jovens e menos jovens licenciados portugueses a emigrar, oferecendo-lhes remunerações irrecusáveis se comparadas com as que poderão conseguir em Portugal, quando conseguem trabalhar na profissão para a qual se prepararam.

Há meio século, nos anos 60 do século passado, muitos jovens portugueses sem emprego em Portugal e com o espectro de uma guerra em África que o Mundo inteiro condenava, como a História, a meados da década seguinte viria inexoravelmente a condenar, há 50 anos, muitos jovens portugueses iam a salto para França e para a Alemanha.

Eles davam dias nas obras, elas nas cozinhas e nas copas das casas das pessoas que podiam ter empregadas domésticas, erguendo nesses exílios forçados pequenos universos, de pequenos sucessos, tantas vezes culturalmente colonizados pela língua do país de acolhimento – uma gaiola dourada onde perdiam parte da identidade original sem adquirir nova matriz, num fenómeno que comove quando retratado num filme bem realizado.

Hoje, os arquitetos, os enfermeiros, os engenheiros, os médicos e outros profissionais de elevada formação inicial que são “raptados” para o estrangeiro  nas nossas universidades  têm de falar Inglês , Francês ou até Alemão na perfeição, com atestado passado por instituição linguística reconhecida no país de destino, e só pela inexistência de uma outra palavra, mais adequada, continuam a ser chamados de emigrantes.

Mas, como há meio século, enriquecem mais os outros do que a eles próprios ou o próprio país de origem.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 14 de Setembro de 2013 no Expresso

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