No avião, a caminho do Brasil, onde me desloquei na semana passada, à frente de uma delegação empresarial associativa encarregada de preparar as primeiras eleições para a Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), leio e tenho de reconhecer que a música popular brasileira é apreciada em todo o mundo, que o cinema brasileiro dá cartas na Europa e nas Américas, do Norte e do Sul, que há teatro, dança, literatura, moda e design brasileiros a ombrear com o que de melhor se faz noutras paragens.

O autor do artigo, citando referências da Imprensa à 29ª Bienal das Artes de São Paulo, revelava que o mercado da arte “vive um boom tal”, que se previa que, na semana de abertura da Bienal, 250 milhões de reais, ou seja mais de 100 milhões de euros,  entrassem no Brasil através do mercado das artes visuais. Convém lembrar, para se perceber a importância desta realidade, que  a 2ª Bienal de São Paulo, inaugurada em Dezembro de 1953, levou à capital paulista a “Guernica”, a obra maior de Picasso e talvez do século XX.

Mesmo tendo em conta que ainda há, no Brasil, em Portugal ou na Espanha (onde a Guernica se encontra), quem continue a olhar para tal obra, desdenhando o seu autor e a própria obra, numa manifestação de iletrismo artístico. A verdade é que um país que apresenta um mercado de arte como o do Brasil, apresenta-se, na verdade, como uma potencia económica.

No artigo que tenho vindo a citar,  diz-se que os artistas brasileiros são expostos nos museus londrinos, franceses ou nova-iorquinos e que as suas obras atingem valores recorde nos leilões de arte contemporânea.  As razões de tal sucesso estão, também – reconheço –o – no momento económico fortíssimo que o Brasil vive, pouco afectado pela crise global.

Como que a comprovar o que tinha lido, por sinal num suplemento do Público, no dia seguinte, leio num dos jornais de referência do Brasil – O Estado de S. Paulo – que o preço dos imóveis nesta cidade está alto e que não há tendência de alterações no curto prazo. Esta opinião é de um universitário brasileiro que, referindo-se ao mercado imobiliário, sublinha a “projecção de crescimento da economia, a inflação controlada, o aumento dos ordenados, do emprego e do acesso ao crédito como factores que manterão o mercado aquecido.

Na verdade, nesta hora, o Brasil é muito mais do que a imagem que um tal de Tiririca – o palhaço que diz que pior não fica – está a dar ao Mundo, na projecção mediática que este triste candidato alcançou. Sabemos hoje que o desenvolvimento da sociedade brasileira prosseguirá, também em torno do sector do imobiliário e da construção, independentemente dos resultados que venham a ser ditados na segunda volta.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 13 de Outubro de 2010 no Público Imobiliário

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