A assinatura formal no primeiro dia do Salão Imobiliário de Portugal (SIL 2014), na presença e com o aval do ministro da Administração do Território, Jorge Moreira da Silva, de um Memorando de Entendimento para o Sector Imobiliário entre a Fundação AIP, a Ordem dos Arquitetos, a Ordem dos Engenheiros e a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), associação empresarial a que também presido, é um verdadeiro compromisso histórico para o sector.
Gosto da expressão compromisso histórico, uma expressão que nos faz recuar mais de 40 anos à experiência política de Itália, quando neste país o democrata cristão Aldo Moro e o eurocomunista Enrico Berlinguer firmaram um marcante compromesso storico que fez realmente história e que apontou um caminho indispensável para a solução de muitos problemas, apesar dessa primeira experiência italiana ter terminado no trágico rapto e assassínio de Moro em 1978.
Se há povo que compreende a importância dos compromissos, mais ou menos históricos, que apontem para soluções que evitem rupturas de graves consequências somos nós, portugueses de Portugal, que também há 40 anos vivemos momentos de grande tensão e soubemos evitar situações limites como teria sido uma guerra civil no quente Verão de 1975. Saber descobrir as pontes que se mantêm a unir margens diferentes é um dos segredos para muitos problemas.
O que pode emperrar e dividir o sector imobiliário português não tem a gravidade das divisões que se viveram em Portugal e na Itália durante a década de 70 do século passado, mas o exemplo das políticas de compromisso, no reencontro das diferentes vontades que sempre coexistem numa sociedade, também pode servir ao sector para, como foi o caso do Memorando de Entendimento referido, unir instituições tão diversas como a Fundação AIP, a Ordem dos Arquitetos, a Ordem dos Engenheiros , a APEMIP e o Governo num objetivo comum – relançar o imobiliário como reconhecido motor do nosso crescimento e desenvolvimento económicos.
Sem discursos, a encerrar a conferência que marcou o primeiro dia do Salão Imobiliário de Portugal 2014, mas no próprio palco onde a conferência tinha decorrido e perante o testemunho de todos os presentes, a Fundação AIP, as Ordens dos Arquitetos e dos Engenheiros e a APEMIP quiseram marcar simbolicamente o entendimento que julgam necessário para que o imobiliário não tenha álibis e volte a ser um dos sectores âncora da Economia, num desejável quadro de crescimento e desenvolvimento.
Para fazer funcionar um mercado onde quem é proprietário de bens imobiliários sinta que conseguirá aliená-los se assim o desejar, onde quem procura soluções habitacionais ou de instalações não residenciais saiba que as consegue encontrar, onde seja tão ou mais fácil optar pela reabilitação do que pela construção do novo, onde seja seguro e rentável investir. É este o compromisso que o SIL 2014 viu consagrar.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 17 de Outubro de 2014 no SOL