Várias bandeiras como a que terá sido a bandeira de D. Afonso Henriques – uma cruz azul sobre um fundo branco ou sobre fundo de prata – adejam levemente em muitas casas de Guimarães, neste ano em que esta cidade fundadora assume-se como Capital Europeia da Cultura.

Tirando os pais natais trepadores e uns quantos, em menor número, estandartes de um Menino Jesus que bem se esforça por destronar o São Nicolau das chaminés e das varandas em ferro forjado, só no tempo do Euro do Senhor Luis Felipe Scolari adejou um patriotismo luso assim mobilizador.

E bem que Guimarães Capital Europeia da Cultura, neste ano de apertos a que 2012 parece afeito, pode ser, com a bandeira de D. Afonso Henriques ou mesmo com a da República, o mote de uma mobilização pela nossa credibilidade e boa imagem no exterior, tão importante também no plano da Economia.

Que garante e consolida a boa imagem de um país? Tal não depende da extensão do território, o da Suíça é menos de metade do de Portugal e nem por isso a credibilidade helvética será inferior à portuguesa. São, seguramente, outros fatores, uns objetivos outros subjetivos.

Não temos porém o direito de nos escudar no desconhecimento desses fatores para, assim, conseguirmos escapar ao dever de promover, por todos os meios ao nosso alcance, essa urgente e indispensável boa imagem do nosso país e de nós próprios enquanto povo desta pátria

O empreendedorismo que devemos cultivar não se alimenta só na nossa vocação de navegadores comerciantes, mas esta herança genérica ajudará, certamente, a que o nível dos serviços que prestamos e o valor que acrescentamos a muitas matérias primas e dádivas da Natureza alcance o mais elevado patamar.

A procura deste nível de excelência não garantirá os três Ás grandes que são a nota vinte das agências de notação, mas indicará o caminho que é necessário trilhar para readquirir a credibilidade necessária para atrair investimentos e para garantir o financiamento, indispensáveis ao nosso desenvolvimento.

É que, o crédito que perseguimos não é exclusivamente em dinheiro. Este também é vital para pôr em marcha os nossos projetos, mas aquele capital de confiança nas nossas próprias capacidades, tão seguro que obterá o reconhecimento dos outros, é tão necessário quanto o dinheiro.

É isso que procuramos quando nos mobilizamos para debater, construtivamente, estas matérias, seja numa Conferencia sobre a Construção em Portugal e no Mundo, como a que vai decorrer, no próximo dia 20, no Auditório da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), seja na reunião da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), que irá decorrer em fevereiro, em Moçambique, a par da Feira Tectónica Moçambique.

Saber encontrar a bandeira certa que nos mobilize é a verdadeira arte da politica, arte onde também cabe um pouco de diplomacia económica. Também perseguimos outros créditos além do crédito em dinheiro.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 11 de Janeiro de 2012 no Público

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