O desemprego é hoje, claramente, o problema social mais grave de Portugal. Para o enfrentar é necessário criar postos de trabalho e isso só se consegue com apoios eficazes à Economia portuguesa e às empresas, nomeadamente no que toca ao acesso ao financiamento.
O investimento – privado e público – tem vindo a cair nos últimos anos e as perspetivas de inversão desta tendência são diminutas, apesar de toda a gente e de gente de todas as sensibilidades políticas andar a dizer que o desemprego tem de ser uma das prioridades.
Os mais recentes números do gabinete de estatísticas da União Europeia sobre esta matéria são claros – Portugal é o terceiro país da União com maior taxa de desemprego tendo atingido os 15%, valor só ultrapassado pela Grécia (21%) e pela Espanha (23,6%). O desemprego sobe também entre os jovens atingindo, entre nós, uma taxa superior a 35%.
Um em cada três jovens portugueses com idade e disponibilidade para trabalhar não consegue entrar no mercado de trabalho (até mesmo, às vezes, considerando as economias paralelas), o que agrava de forma não contabilizável, mas seguramente muito penosa a vários títulos, a situação das famílias portuguesas que têm de suportar esta realidade.
Sem prejuízo da bondade das políticas ativas de emprego, de novo assumidas como uma das soluções, embora muitas destas opções sejam medidas paliativas para uma situação social realmente grave, a verdade é que a raiz do problema está na dinamização da Economia e sem esta vertente a situação dificilmente se alterará.
Como repetidas vezes tenho sublinhando, olhando para o setor do Imobiliário e da Construção, alguma inércia e algumas hesitações no que respeita à dinamização do mercado de arrendamento urbano e, quase por inerência, do mercado da Reabilitação Urbana, vão, se não forem superadas, fazer disparar os números do desemprego para os valores da Grécia e da Espanha.
Enquanto os rendimentos provenientes do arrendamento urbano continuarem a ser mais penalizados do que depósitos bancários ou do que investimentos em fundos imobiliários, como acontece atualmente, não podemos falar em dinamização do mercado de arrendamento nem podemos perspetivar que o desemprego no setor da Construção e do Imobiliário consiga ser travado.
Neste setor, cujo desemprego recai muito em trabalhadores de formação profissional estreita sem grande capacidade, nem idade, para tentar emprego noutros setores, a captação de investidores, sejam portugueses que querem aplicar poupanças , sejam estrangeiros interessados em mercados que ainda podem crescer e são seguros, exige regras que tardam a ser assumidas.
Isto, claro, se quisermos aproveitar todas as frentes de combate ao desemprego, opção que parece justa num país como o nosso, com as conhecidas fragilidades em matéria de segurança social, agravadas pela necessidade de fazer descer rapidamente o défice das contas públicas. Não estancar nem inverter o desemprego existente, poderá ser verdadeiramente trágico e merece, também por esta razão, que tentemos tudo para o evitar.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 04 de abril de 2012 no Público