Difícil em política é saber encontrar o ponto de equilíbrio que garante o bom senso que toda a gente reclama e quer. Temos de honrar os nossos compromissos,  mas não podemos comprometer a agenda de crescimento sem a qual não será possível garantir os compromissos assumidos.

Será aliciante, e uma prova de vida, “trocar o certo pelo incerto, em busca de um sonho”, mas há momentos em que esta ousadia pode ser uma aventura perigosa e, por isso, somos mesmo obrigados a ser mais certinhos, menos improvisados e tudo isto é, claramente, difícil de alcançar.

A tentação de batermos com a porta pode ser grande, e até parecer justa ou mesmo a única Justiça, mas nunca aquele velho conceito da “realpolitik” conseguiu impor-se como hoje, garantindo, ao mesmo tempo, tudo e tudo o seu contrário, numa tensão controlada que, esperemos, seja capaz de aguçar o engenho.

O que menos falta nos faz é uma crise política que volte a fazer parar (ainda mais) o país, imobilizando os já muito imobilizados mercados. Mas se isto é verdade, também é verdade que não podemos, seja em que situação for, abdicar de dinamizar a nossa Economia e de aliviar esta austeridade que mata.

O difícil bom senso político do momento exige que sejamos capazes de garantir a nossa própria viabilidade sem que tenhamos de empenhar o nosso presente e o nosso futuro. Não basta tentar que isso realmente aconteça, é absolutamente indispensável garantir que isso aconteça. Ser e não ser, ao mesmo tempo.

Claro que é difícil. Nunca alguém pode dizer que iria ser fácil. Daí que chamemos a tudo isto o “sentido de Estado”.

Luís Lima

Presidente da APEMIP e da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 27 de outubro de 2012 no Expresso

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