Paulo Teixeira, presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, quando, há dez anos, caiu a ponte Hintze Ribeiro, entrevistado por ocasião da efeméride da tragédia de Entre-os-Rios, lembrou que, nos 12 anos que esteve à frente do município, cruzou-se com cinco primeiros ministros, o dobro de ministros das obras públicas e o triplo de presidentes das estradas de Portugal.

Esta instabilidade reflecte-se, por exemplo, nas deficientes acessibilidades rodoviárias ao concelho de Castelo de Paiva, por força da completa inexistência das chamadas “last mile”, essa espécie de pequenos remates das grandes obras, sobre os quais falou, há dias, o Eng. Mira Amaral num debate sobre o momento económico que o país vive.

Ora, uma das razões pelas quais ficam esquecidas essas pequenas obras de remate é, precisamente a dança constante dos responsáveis, alguns sem tempo de aquecer o lugar, quanto mais de projectar e executar, com princípio meio e fim, qualquer obra em que estejam empenhados, por muito sinceras que realmente sejam as intenções iniciais.

Equipas com efémeras passagens pelo Poder são tão ineficazes como as equipas que parecem eternizar-se nesse mesmo Poder, mesmo num enquadramento constitucional de um Estado de Direito democrático. A politica requer bom senso e consenso, em especial, nos momentos de incerteza. Esta é, aliás, a grande lição do Discurso do Rei, o premiado filme que converge para a comunicação que Jorge VI de Inglaterra acabou a proferir, sem hesitações, aos povos do Império Britânico, quando anunciou que estava em Guerra com a Alemanha.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 12 de Março de 2011 no Expresso

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