Não é só no preço dos combustíveis que Portugal bate recordes europeus – o preço do dinheiro que as pequenas e médias empresas procuram quando precisam de se financiar também é dos mais altos da Europa, superior ao da Irlanda e da Grécia e muito superior ao da Espanha.

Pior do que isto para muitas das pequenas e médias empresas portuguesas, muitas das quais claramente viáveis, só o flagelo dos clientes que não pagam ou não pagam a tempo e horas os serviços ou os produtos que encomendaram e receberam atempadamente.

Infelizmente, o exemplo que deveria ser dado pelo Estado nem sempre é exemplar nesta matéria. Estes delicados atrasos estatais são até justificação para que muito boa gente diga que tais pagamentos a tempo e horas evitariam a necessidade tão premente das empresas obterem financiamento bancário.

Utilizar o verbo evitar talvez seja um exagero, pois mesmo numa economia saudável, quando tudo funciona como deve funcionar, há sempre necessidade de recorrer ao crédito, especialmente se se quer apostar num crescimento verdadeiramente indispensável para o nosso futuro próximo.

Reflito sobre esta realidade com base, no que toca aos preços do dinheiro, em números oficiais da União Europeia. Os juros aplicados ao pouco dinheiro que é disponibilizado em Portugal para as PME’s batem todos os recordes e também preocupam as autoridades europeias.

Até parece que estamos condenados a uma espécie de degredo eterno em matéria de endividamento. Uma condenação cuja pena não deixa, assim, em aberto qualquer hipótese de recuperação. Num castigo muito maior do que o suposto crime.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 14 de abril de 2012 no Expresso

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