Temos que mudar muita coisa e não apenas pelo facto de algumas dessas mudanças também estarem a ser sugeridas pela senhora Troika que acompanha a forma como usamos os créditos que nos foram concedidos.

Conduzir sem cinto de segurança, atravessar passadeiras com os semáforos no vermelho, copiar no exame ou obrigar os filhos a dizer que têm menos idade para não pagar um qualquer bilhete de ingresso, já não é aceitável.

Na verdade, tal nunca foi aceitável, como não deve ser tolerável, embora ainda o seja, glorificar o feito de fintar o fisco como se isso possa ser considerado uma manifestação de inteligência superior e não um tiro no pé.

É este caminho para uma cidadania mais consolidada que ainda nos falta trilhar nesta caminhada do Portugal Europeu e Democrático, porta ocidental desta União Europeia que temos de construir com países do Norte e do Sul.

O combate à fraude e evasão fiscais, que preocupa a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, deveria começar pelo Ministério da Educação e até, se possível e houvesse orçamento, pela Secretaria de Estado da Cultura.

É na Escola e também em todos os currículos ocultos que nos moldam, nas exposições, nos filmes, nas peças de teatro e em todas as manifestações culturais para a cidadania, que podemos começar a aprender a mudar.

Interiorizar o valor ético elementar que é o de não julgar os outros como gente menor e menos capaz de tudo, nomeadamente de enganos e de falcatruas, pode ser um bom começo para a mudança que temos de ensaiar.

Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 15 de Fevereiro de 2012 no Diário Económico

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