Há certezas que não batem certo. Por exemplo, a “certeza”, entre aspas claro, da desvalorização das casas. Não, não me refiro àquele estudo que diz que no ano de 2050 um T3 de 100 metros quadrados em Lisboa deverá custar a módica quantia de 17 000 euros. Dezassete mil, diz o estudo encomendado por um departamento do Estado a um especialista.

Ninguém acredita que o euro se valorize tanto, mas não se trata dessa insólita “certeza” incerta. Trata-se de compreender a razão pela qual muitos comentadores encartados insistem, há muito tempo, na ideia da constante e crescente desvalorização dos imóveis e no decréscimo das transacções quando os valores de IMI (antiga contribuição autárquica) e IMT (antiga sisa) não desarmam.

No ano de 2010, os municípios receberam, via IMI, mais 62 milhões de euros do que em 2009, continuando esta verba a ser a mais significativa fonte de receitas do Poder Local, logo seguida da verba correspondente ao IMT. Mesmo a desvalorizar – entre aspas, repita-se, pois na verdade não desvaloriza – o imobiliário ainda é uma reserva da nação e faz verdadeiros milagres, como os números mostram.

Na verdade, o imobiliário português é uma das reservas de Portugal, é uma espécie de árvore das patacas do municipalismo e é – ou pode vir a ser – um investimento seguro para quem não quer arriscar em investimentos que, ás vezes, mostram-se muito voláteis. Um investimento tanto mais seguro quanto assumido com o apoio de quem, como a mediação imobiliária, conhece bem o mercado.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 16 de Abril de 2011 no Expresso

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