Diferentemente dos que dizem que o investimento imobiliário indirecto, nomeadamente o que se traduz nas aplicações em fundos imobiliários, crescerá, em tempos de crise, na razão directa das dificuldades do investimento imobiliário clássico, eu digo que o investimento directo no sector continua a ser seguro e certo e até um refúgio inteligente para poupanças que se desvalorizam.
O imobiliário – recorde-se – sempre foi uma solução interessante para a aplicação de poupanças, sendo certo que investir neste mercado não é o mesmo que comprar uma casa para viver. Nesta nuance, o papel da mediação imobiliária, como conselheira habilitada, ganha uma nova perspectiva e importância junto de potenciais investidores.
É que mais do que qualquer outra opção, como sempre digo e ainda há dias o repeti num testemunho solicitado pela TSF, investir directamente no imobiliário, num cenário praticamente constante de valorização lenta (quase sempre ligeiramente acima da inflação) requer um vasto conhecimento do mercado, das tendências da procura e da melhor oferta possível para um resultado minimamente seguro, posto que a médio prazo.
O tema é oportuno num quadro de reanimação do mercado da reabilitação urbana, com ramificações para o mercado do arrendamento urbano, e num quadro de preocupações generalizadas quanto ao futuro e à sustentabilidade dos complementos de reforma e das reformas. A propriedade imobiliária volta a ser, neste cenário, uma solução alternativa ou complementar ao merecido contributo de qualquer caixa de pensões.
Sem esquecer a necessidade de acarinhar todas as culturas de reabilitação, com incentivos claros aos proprietários (no plano fiscal e não só), sente-se que os caminhos que estes momentos difíceis abriram, apontam para o investimento no imobiliário, sabendo-se, como se adivinha, que está inevitavelmente para breve a adopção de legislação que torne célere processos que ensombravam um outro mercado com potencialidades como é o do arrendamento urbano.
O “boom” de construção imobiliária dos anos 80 e 90 do século passado é irrepetível nos próximos anos. Independentemente da conjuntura económica, o país, que não pode cimentar-se até ao infinito, mais do que imóveis novos (que continuam a ter espaço, mas limitado e qualificado) carece de reabilitar o património construído degradado, principalmente nas privilegiadas localizações dos centros das cidades, e é neste segmento que o sector pode oferecer, e já oferece, boas e seguras oportunidades para investir.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 10 de Dezembro de 2010 no Sol