No final do jogo que opôs Portugal à Coreia do Norte, neste Campeonato do Mundo de Futebol, a decorrer na África do Sul, o seleccionador nacional de futebol, Professor Carlos Queiroz, comentando a clara goleada infligida pela equipa de todos nós aos coreanos do Norte, disse que, cito, “estávamos a precisar de um momento destes”.
Depois do jejum, em golos, verificado no jogo inaugural, esta overdose aplicada aos coreanos, tão elevada que até pode gerar sentimentos de simpatia para com os adversários, funciona como um bálsamo para a nossa auto-estima, pelo menos até ao próximo desafio, com o Brasil, encontro marcado para o dia que se seguiu ao da data limite de entrega deste texto.
Num país como Portugal, onde muitos portugueses só vivem momentos de alegria quando a selecção de todos nós ou clube de futebol que elegem como seu vence, os desafios agendados para o Campeonato do Mundo não são apenas disputas desportivas entre 11 jogadores de uma determinada nacionalidade e 11 jogadores de outra nacionalidade.
Não sei se a pesada derrota da Coreia do Norte terá, junto dos coreanos, outras consequências que não sejam as inerentes ao desgosto que seguramente sentiram pelo resultado sofrido. Julgo, pouco esperançado num erro, que em Pyongyang não haverá muitos outros motivos para que, colectivamente, a população possa celebrar uma alegria genuína.
Para os coreanos do Norte, a vitória que lhes fugiu no jogo com Portugal, mais do que uma tardia vingança pela derrota sofrida em Inglaterra no Mundial de 1966 da nossa alegria, num jogo que disputaram, até ao fim, com muita dignidade, para a Coreia tal vitória seria – arrisco esta pequena especulação – tanto ou mais importante do que foi para nós.
Mas quando atingimos, folgadamente, os objectivos, jogando limpo como jogamos, com confiança, em equipa, perseguindo a vitória sem euforias, mesmo nos momentos mais inebriantes, correspondendo às expectativas geradas naqueles que estão a torcer para que as coisas corram bem, então estamos no bom caminho para passar à fase seguinte.
Isto é válido, independentemente dos resultados que Portugal venha a obter no jogo com o Brasil e no jogo dos oitavos-de-final da competição, a que, muito provavelmente chegaremos, ambos a realizar depois de entregar este meu texto para publicação no dia dos quartos-de-final, onde também podemos estar.
Realçando que no futebol, como na vida e, consequentemente, no sector imobiliário e na Economia, o importante é sempre passar à fase seguinte, nunca esmorecendo quando os resultados são menos bons ou maus, nem jamais descansando sobre resultados excepcionais. E, principalmente, sem nunca nos deixarmos ficar num inaceitável fora de jogo.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 2 de Julho de 2010 no Sol