O setor do Imobiliário e da Construção é o que mais contribui para o desemprego em Portugal, uma realidade crescente que põe em risco a própria recuperação da Economia, apesar dos muitos sacrifícios que os portugueses estão a suportar em nome desse necessário regresso à normalidade. 

Este fenómeno, mais previsível do que a seca, merecia ser encarado de frente para que os negros números destas estatísticas estanquem e comecemos a ver alguns sinais que possam indicar a hipótese de uma inversão desta tendência. 

O medo que o desemprego gera já não é exclusivo de quem fica sem emprego. Todos nós, mesmo que estejamos a conseguir manter o nosso posto de trabalho, devemos olhar para esta realidade com apreensão, sabendo-se, como se sabe, que a diminuição da procura interna, pelas crescentes dificuldades geradas na classe média, é fator que agrava a Economia. 

Sem obras, públicas e privadas, com os apertos conhecidos em matéria de financiamento às empresas e às famílias, o país levará muito mais tempo a regressar à normalidade e criará um exército de desempregados maior do que o suportável, com todas as consequências que isso provoca, até nas atitudes relativamente ao próprio trabalho. 

Não é, por exemplo, positivo que a procura no mercado de arrendamento aumente pelo facto das pessoas não terem acesso ao crédito para aquisição de casa própria. A dinamização do mercado de arrendamento tem de ser ensaiada pela positiva, como real alternativa de investimento, e não pela negativa. 

Luís Lima 

Presidente da APEMIP 

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 19 de abril de 2012 no Diário Económico

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