O Algarve que Eça de Queiroz já referenciava, nos finais do século XIX, como a província onde as senhoras de bem e de bens iam a banhos, mesmo que a expressão significasse apenas o doce contentamento num passeio à tardinha, à beira mar, para apanhar conchinhas, o Algarve que nos idos dos anos 60 dos século XX reinventou, de novo, o Turismo em Portugal, esse Algarve do nosso contentamento está de novo a regressar e não apenas pela boa época, como já não se via há muito, das recentes férias escolares e do fim-de-semana da Páscoa.

O Algarve parece estar já a sair da crise que marcou os primeiros anos deste século XXI, e a reassumir-se como local de excelência para a segunda residência de uma terceira idade estrangeira com poder de compra, seja pelo clima ameno, ao longo de todo o ano, seja pela segurança comum a todo o país, seja pela relação preço qualidade muito favorável  a muitos estrangeiros.

O que parecia ter sido abalado pela crise internacional que teve epicentro em 2008 nos Estados Unidos e reflexos em muitos mercados europeus tradicionalmente clientes do Algarve, nomeadamente alguns bons empreendimentos destinados a turismo residencial no Algarve, começa a renascer  e principalmente a reinventar-se e a contribuir para um clima de confiança indispensável à nossa retoma.

A indústria dos tempos livres e do turismo, incluindo a do turismo residencial, muito dependente do imobiliário, volta a ser uma das indústrias com futuro e a conformar-se como muitas vezes referi, como uma das que pode mais rapidamente contribuir para a retoma económica que procuramos.

Eu que sou do Norte mas que assumo uma paixão pelo Algarve, sinto esse renascimento de um mercado difícil, como sempre foi e continua a ser o turístico, mas sinto que no Sul “as coisas” começam a dar a volta pela positiva. Não é o regresso das gruas, até porque a construção na região nunca exigiu grandes gruas, mas é uma clara determinação em por mãos à obra no sentido de inverter uma anquilose que parecia querer instalar-se mas que, felizmente, não o conseguiu.

Não será fácil – admito-o – mas temos a enorme vantagem de podermos evitar erros cometidos no passado.
Já uma vez, no início da segunda dinastia, partimos do Algarve, da Ponta de Sagres, rumo ao Sul, para salvarmos a nossa Economia. Agora, olhando para o Sul e para o Norte, para o Leste e até para o Oeste, voltamos a assumir a nossa alma de eternos viajantes e de empreendedores de novo também com grande evidência nesta nossa província turística por excelência.

A nossa rota já não é a da seda, a das especiarias, a do ouro ou a do chá mas sim o que podemos realmente assumir, com vantagens deste mundo globalizado e competitivo, sendo que uma dessas rotas novas é precisamente a do turismo que se reinventa no Algarve e se oferece de forma crescentemente exemplar e – espero eu – contagiante.

Pelo menos do que toca à confiança também necessária à nossa recuperação. Às nossas recuperações pois são várias as que nos devem mobilizar. Para mim, este ovo de Páscoa foi o melhor deste Algarve 2014.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 23 de abril de 2014 no Público

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