O Pai Natal existe e é um mediador. Um mediador muito especial que, este ano, embrulhou as prendas. Há um ano, neste mesmo espaço, dizia que, por incompatibilidade legal da função, o Pai Natal só podia distribuir as prendas. Nem as podia embrulhar ou, ainda menos, escolhê-las pois isso era tarefa para outros profissionais. Este ano, no entanto, a situação poderá estar a mudar significativamente. Este ano, mais do que nunca, temos de acreditar no Pai Natal.
A citada e fictícia referência às funções limitadas do Pai Natal era apresentada para sublinhar, por analogia, as funções legalmente limitadas da mediação imobiliária, profissão que pugna para que a lei consagre todos os serviços que a mediação já presta a quem a procura, sem os espartilhos de certas exclusividades. Esse objectivo não chegou a tempo das prendas deste Natal mas está anunciado para breve.
Registo, com optimismo, que a mediação imobiliária, que também aprendeu muito com a paciência e com a arte da mediação que o Pai Natal foi adquirindo desde que um dos mais conhecidos refrigerantes do Mundo o criou como um velhinho generoso, de barbas brancas e vestido de vermelho, está em vias de ver reconhecidas as suas múltiplas competências e de poder assumir-se como a profissão charneira do sector.
O lançamento a sério dos projectos de reabilitação urbana que se anunciam para o próximo ano, ano que se quer seja o verdadeiro ano um da própria reabilitação em Portugal, precisa de uma mediação imobiliária multidisciplinar e com competências adequadas, capaz de “empurrar” definitivamente este projecto, sem o qual – é bom recordá-lo – não haverá lançamento do mercado de arrendamento urbano e até de algum turismo residencial. Esta pode ser a nossa grande prenda deste Natal.
O ano de 2011, seguramente difícil, vai apostar – assim o esperamos – no repovoamento e na reabilitação dos centros das cidades, com ramificações para o mercado do arrendamento urbano e para o mercado do turismo residencial de qualidade. Estas janelas de oportunidades podem ser, como tenho dito, as verdadeiras prendas deste Natal para o nosso sector. Afinal, talvez seja o sector da Construção e do Imobiliário quem, realmente se se assume como o Pai Natal da nossa Economia. Pelo menos este ano.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 24 de Dezembro de 2010 no Diário de Notícias