O pedido e o sonho do Guilherme é um dos mais bem conseguidos apoios a Portugal, sob a forma de carta aberta aos futebolistas da nossa principal seleção. Na carta reconhece-se que muitos jovens gostariam de jogar tão bem que pudessem integrar a seleção, sonho que, no entanto, não é o do Guilherme que apenas quer ser médico ou biólogo e ficar a trabalhar em Portugal, se valer a pena.

Depois, lembra-se que os jogadores portugueses, que o Mundo identifica com Portugal, têm a possibilidade de mudar a opinião que o Mundo tem de nós, reafirmando, nos campos do Euro 2012, como somos honestos, lutadores e corajosos. Justificando assim a ideia de que sermos “11 por todos e todos por 11” no feliz slogan desta campanha.

Na verdade, numa linguagem mais eficaz do que a linguagem habitualmente utilizada no discurso político, a carta lembra que é urgente inverter esta escalada do desemprego, a atingir gente que já leva uma vida de trabalho (como testemunhou, em recente encontro de Lisboa e sem esconder o incómodo que a situação lhe causa, um empresário do sector imobiliário obrigado a despedir colaboradores de longa data)  ou a negar o ingresso no mercado de trabalho dos mais jovens.

O desejável sucesso da Seleção de Futebol dará alguma força à força necessária a encontrar as soluções que este problema exige, mas os 16% de desempregados que se projetam nas nossas assustadoras e atuais perspectivas de futuro crescerão ainda mais e ultrapassarão os 20% se os poderes continuarem a negar as condições mínimas de sobrevivência a sectores tão importantes para a nossa Economia como é o imobiliário.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 11 de junho de 2012 no Jornal i

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