Ao meu bom nome, com direito a fotografia a cores, e por extensão ao nome de todos quantos integram a equipa que me acompanha no executivo da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) a que presido, foram, há dias, lançadas lamas, sob a forma de suspeitas, tão falsas quanto graves, em torno das contas da associação a que presido, com a precisão cirúrgica de terem sido lançadas, publicamente, num órgão de comunicação social de expansão nacional, precisamente no dia em que a Assembleia Geral da APEMIP reuniu para votar essas mesmas contas e as aprovou sem suspeitas.

A insidiosa mensagem foi alicerçada num encadear de afirmações que pareciam sustentadas em factos concretos, mas que eram, todos eles, ou falsos, ou distorcidos ou citados fora do contexto. Na véspera do dia desta operação, foram-me enviadas à queima-roupa, ou seja sem que me tenha sido dado tempo razoável para a resposta, dez perguntas formuladas no estilo dos quesitos dos inquéritos judiciais, a que respondi em vão, posto que o tenha feito no apertado prazo concedido, respostas que foram amarrotadas no último parágrafo do artigo.

Apesar disso, foi a minha foto que o acompanhou, em vez de ter sido dado o merecido destaque ao entrevistado que tanta visibilidade procurava. 

No dia destas “revelações”, a Assembleia Geral da APEMIP que aprovou por larga maioria quer o relatório e as contas do exercício de 2012, quer o Plano de Atividades para 2013, aprovou também, neste caso por esmagadora maioria com três únicos votos contra, todos representados pela pessoa que figura como fonte da notícia, um voto de repúdio por esta mesma notícia que objetivamente escancarou as portas de uma Associação que tem direito a debater internamente o que deve ser debatido internamente, com a agravante de o ter feito com informações eivadas de falsidades. 

Refletir sobre este caso – que em alguns aspetos tem o contorno de um caso de polícia mas que, não fora a divulgação pública que teve, teria morrido sem alarido na Assembleia Geral que aprovou as contas -, refletir sobre este caso é também refletir sobre o próprio movimento associativo empresarial e sobre a dimensão que este deve ter na conciliação dos interesses mais diretos que defende com os interesses da Economia do país que também deve defender, reflexão inevitavelmente centrada no que tem de ser feito, como tem de ser feito e com que meios tem de ser feito.

Gerir sustentadamente uma associação empresarial em tempos de crise, quando muitas empresas estão a encerrar e outras suspendem a participação nas associações que integravam, tantas vezes apenas para, o que se compreende, poupar o dinheiro das quotas, é feito que não se compadece com faltas de rigor ou de transparência. Acontece que o momento também potencia análises pouco lúcidas, por exemplo quando, neste universo do associativismo empresarial, cedemos à tentação de dar mais força à nossa costela corporativa em detrimento da nossa vocação como parceiros sociais empenhados no esforço de recuperação da nossa Economia.

Hoje sei que não é fácil assumir esta última visão empresarial, global e empenhada, e até sei como é pessoalmente pesado o preço desta opção pela cidadania.

Luis Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 05 de Julho de 2013 no Jornal Sol

Translate »