Nas melhores notícias caem nódoas sob a fórmula das condições contratuais que, habitualmente, são impressas em letra tão miudinha que nem apetece ler. É o caso da notícia, que parecia boa, do alargamento até Setembro de 2012 do prazo das linhas de crédito PME Investe.

Benesse cujo alargamento no tempo (em nome da necessidade de combater “a falta de liquidez do tecido empresarial português” e as “dificuldades de acesso ao crédito”) há pouco aplaudi sem me aperceber – mea culpa – daquelas letras miudinhas que, no caso, fixam uma tabela de spreads bem gordos.
 
Nesse meu texto dizia que a  extensão do crédito às empresas beneficiárias das linhas PME Investe era uma notícia justa e inteligente e uma notícia que agradaria à banca nacional. Nem eu sabia como, ironicamente, estava certo. Escapara-me o valor máximo dos spreads a aplicar pelos bancos neste período de alargamento.
 
Esta tabela em anexo põe muita água na fervura do entusiasmo pelo alargamento como um apoio indirecto às empresas com dificuldades de tesouraria. A tal benesse alargada já não é aquele anunciado balão de oxigénio nem aquela transfusão mínima vital a que, com inocência, me referia.
 
Valha a intuição de ter minorado o aplauso com um alerta realista para a forte possibilidade de que tais transfusões fossem ainda insuficientes para garantir a sobrevivência de uma das mais criativas, significativas e vitais fatias do nosso tecido empresarial, a das Pequenas e Médias Empresas.
 
Às vezes, o preço da esmola não compensa.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 02 de Novembro de 2011 no Diário Económico

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