Aquela velha máxima inglesa, do tempo em que os ingleses diziam que o Sol nunca se punha no Império Britânico, máxima segundo a qual o que era bom para a Inglaterra era bom para o Mundo (que escondia uma espécie de pretensão civilizadora) sempre fez a inveja da Alemanha, mesmo antes da chegada ao Poder da toda poderosa chanceler alemã Ângela Merkel.
Ângela Merkel que tinha 8 anos e vivia na antiga República Democrática Alemã quando Charles De Gaulle, em Setembro de 1962, na cerimónia de assinatura do pacto de amizade franco-alemã, disse que o futuro da Europa estava nas mãos da juventude francesa e alemã, Ãngela Merkel, hoje no lugar de Konrad Adenauer, parece empenhada em dizer que o que é bom para a Alemanha é bom para a Europa.
Mesmo que, como tem expressado, a Europa seja uma na Alemanha, com promessas de menos impostos e melhores salários e um crescimento da Economia, potenciado por financiamentos a custo zero quando não a juros negativos, praticados em nome da segurança que será investir na Alemanha, bem diferente da Europa que sugere para Portugal para quem sempre tem defendido a austeridade, indiferente à possibilidade de recessão.
Recessão que, como disse recentemente o presidente da Confederação das Associações Patronais da Alemanha (BDA), Dieter Hundt, estará longe de ocorrer no país de Àngela Merkel, no presente ano de 2013, bem pelo contrário pois prevê-se um novo crescimento da economia alemã com subidas salariais de acordo com a máxima de Hundt para quem “se as empresas estão bem, devem beneficiar também os seus empregados”.
Como diziam os ingleses mais alinhados com a política britânica no tempo do Império quando repetiam que o que era bom para a Inglaterra era bom para o Mundo, Ângela Merkel também poderá dizer que o que é bom para a Alemanha tem de ser bom para a Europa, embora muitos países da Europa, incluindo países que aderiram à moeda única, sintam precisamente o contrário.
A moeda única – recorde-se – foi apresentada como um elemento muito positivo do ponto de vista económico e político. Uma moeda estável, com um baixo nível da inflação e com taxas de juro baixas, contribuindo para a solidez das finanças públicas. Uma moeda que devia aumentar a transparência dos preços, eliminar os custos de câmbio da moeda, melhorar o funcionamento da economia europeia, facilitar o comércio internacional e conferir à União Europeia uma voz mais forte nos fóruns internacionais.
Nem todos os pressupostos deste salto na construção de uma União Europeia mais aprofundada e capaz de concorrer, por exemplo, com espaços económicos fortíssimos como o são os Estados Unidos da América foram cumpridos como estava previsto, mas esta realidade é, muitas vezes, escamoteada, com claro prejuízo para os países mais periféricos que, entretanto, tem vindo a ser impedidos de se financiar a preços semelhantes aos praticados no centro da Europa, como inicialmente estava previsto, numa espécie de compensação para a impossibilidade de criar mais moeda.
Não é pois verdade que o que é bom para a Alemanha seja bom para a Europa, tal como nunca foi verdade que o que era bom para a Inglaterra fosse, automaticamente, bom para o Mundo.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
Publicado no dia 2 de Agosto de 2013 no SOL