Há agiotas de volta e à volta de Portugal. Agora mostram-se interessados no nosso património construído, em especial aquele que entretanto caiu na alçada dos chamados ativos indesejáveis, riqueza pela qual estão dispostos a pagar um valor muito inferior ao valor real, aproveitando-se das necessidade generalizada de liquidez.

Esse velhos prestamistas já não são detetáveis pelas vestes ou pela forma como esfregam as mãos numa ansiedade avarenta, quase caricatural – souberam adaptar-se aos novos tempos e travestir-se com mil e um disfarces, incluindo o da solidariedade para com as Economias em crise.

Os novos avarentos, escondem-se agora atrás de um exército de colaboradores que sabem elaborar relatórios cheios de números que baixam ao rigor das centésimas e sabem fazer as propostas certas no momento certo, isto é, quando as vítimas já estão a por a corda ao pescoço.

Coincidentemente, o contributo desinteressado de instituições como a agência de notação Fitch aparece sempre nestes momentos em sintonia com interesses terceiros – ainda há dias, o coro daqueles que defendem que os preços do imobiliário em Portugal devem baixar ainda mais (agora 13%, talvez por estarmos em 2013), voltou a ecoar como um mau agoiro.

Em menos de um ano, os preços por metro quadrado da habitação em zona nobre das principais cidades bateu, em Portugal, no fundo. Mais barato do que em Lisboa e no Porto só na Macedónia, na Bulgária e na Moldávia, apesar de Portugal não ter vivido, na última década, qualquer bolha imobiliária que justificasse tal quebra. 

Está pois na hora de denunciar e inverter esta tendência. 

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luislima@apemip.pt

 

Publicado no dia 02 de fevereiro de 2013 no Expresso

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