O Sol, a estrela à volta da qual todos nós rodamos, poderá assumir-se nestas vésperas de um novo quadro comunitário de referência, para o septénio de 2014 a 2020, como astro rei aliado de Lisboa. António Costa, atual presidente da  Câmara Municipal de Lisboa que se recandidata a novo mandato, está empenhado em contratualizar um grande programa europeu virado para a melhoria da eficiência energética do património da capital pelo aproveitamento da enorme exposição solar da nossa Capital.

Lisboa é a cidade europeia com maior número de horas anuais de exposição solar, ou seja, a cidade europeia com maior potencialidade energética, o que a torna beneficiária privilegiada desta energia e a coloca na primeira linha das oportunidades que esta localização proporciona no próximo quadro de apoio europeu a contemplar uma atenção muito particular à reabilitação urbana das cidades.

Este programa – que desejo possa ser apoiado e reconhecido como exequível também por outras forças político partidárias empenhadas e atentas à gestão pública da nossa Capital – deverá ser também, na opinião do atual presidente da Câmara, um investimento que contemple uma reabilitação urbana no centro histórico, com preocupações acrescidas na prevenção de calamidades naturais.

O repovoamento, preferencialmente com população jovem, do centro da cidade, neste quadro de reabilitação urbana quase tão profundo como o da reconstrução / regeneração que ocorreu na sequência da tragédia de 1755 (posto que sem a carga dramática inerente a uma catástrofe como a que ainda vive na nossa memória coletiva), é uma opção de contraciclo económico que as cidades bem necessitam.

Isso mesmo reconhece o autarca de Lisboa ao sublinhar que a adoção de programas como os que defende para a Capital no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio podem ser um “fortíssimo impulso” para a economia nacional, dado o “grande peso” da indústria da construção e do sector imobiliário, responsáveis por uma fatia significativa do desemprego, em tais projetos.

Ignorar as exigências gritantes de reabilitação do património construído é atitude que nem os países mais ricos aceitam, quanto mais países, como o nosso, que atravessam dificuldades no que toca ao financiamento e no que toda à dinamização da própria Economia, duas realidades que estão muito ligadas entre si e que também passam pela Reabilitação dos centros históricos das nossa principais cidades.

Promovendo e recuperando emprego em sectores da população mais vulneráveis por terem uma formação simples e muito estreita e uma idade difícil para adquirir novas competências, alavancando o turismo residencial nas cidades com História e a qualidade de vida das populações e reassumindo o papel que o imobiliário pode e deve continuar a desempenhar na recuperação económica do país.

É também curioso referir que este debate gerado pelas ideias que estão a nascer em Lisboa no âmbito das eleições autárquicas em curso equacione a possibilidade da transferência da gestão dos transportes públicos para os municípios, tal como já acontece em muitas cidades da Europa com as vantagens inerentes a uma gestão mais próxima da realidade.

Trazendo mais Sol à cidade.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 11 de Setembro de 2013 no Público

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