O célebre DKW, nome de um carro alemão que ficou conhecido pelas iniciais das respectivas designações (Dampf Kraft Wagen que significa “carro movido a vapor” e, mais tarde, Das Kleine Wunder, em português “a pequena maravilha”), ostenta no símbolo da marca as quatro argolas que hoje brilham nos AUDI.

Na verdade, estas argolas correspondem a quatro empresas do ramo automóvel (DKW, AUDI, HORSH e WANDERER) que, nos anos 30, sob os efeitos da depressão de 1929, entretanto chegada à Europa, criaram a Auto Union para enfrentar a crise, escolhendo quatro argolas entrelaçadas como símbolo da companhia.

O sucesso da pequena maravilha, que exportou, por exemplo, para o Brasil do presidente Kubitschek onde chegou em força nos anos 50, não foi o do isolamento, alicerçado em demagogias baseadas em falsidades como as que o jornal alemão Bild divulga quando diz que os portugueses vivem à custa dos alemães.

Na verdade, e ao contrário do que dizem algumas figuras de relevo da política alemã, os juros agiotários que são cobrados sobre os empréstimos concedidos a países como Portugal e Grécia são muito mais pesados do que os juros a que se financiam os países ricos, incluindo a Alemanha, e também funcionam como garantia do pagamento da dívida.

Insulto calunioso, que prenuncia velhas taras imperiais, é ouvir dizer que os portugueses e os gregos vivem à custa dos alemães. E não é assim que se reedita qualquer outra pequena maravilha na urgência da unidade europeia.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 27 de Julho de 2011 no Diário Económico

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