O Algarve voltou a ser eleito o melhor destino de golfe da Europa. A distinção, que é uma espécie de Óscar do golfe, é conferida pelos votos dos leitores de uma revista especializada da modalidade, ou seja, na sua maioria por praticantes que conhecem muitos campos, o que torna a escolha muito mais criteriosa.

Este título, seguramente muito importante para a promoção turística da nossa mais famosa região turística, exige que, à semelhança das regras do próprio golfe, saibamos partir para as próximas jogadas com os pés bem assentes na terra e uma flexibilidade de movimentos que proporcionem o swing adequado à tacada desejada.

O swing, ou seja, a rotação a dar ao corpo para efetuar a tacada adequada à distância a que nos encontramos do objetivo imediato é fundamental. No golfe como na própria promoção turística que lhe está colada. Não se exige a glória de uma série de “hole in one”, um buraco com uma tacada única, todos os dias – é raro no golfe e mais ainda no turismo -, mas temos a obrigação de evitar os erros mais grosseiros.

Ser considerado o melhor destino de golfe da Europa em dois anos seguidos é uma oportunidade rara para a promoção de um destino turístico que pode e deve superar dificuldades conjunturais adversas, como aquelas que o Algarve, como todo o país, está a suportar. É uma boa oportunidade para mostrar aos de fora como somos um bom destino para investimentos seguros.

Os recentes passos dados no sentido de incentivar esses investimentos estrangeiros, nomeadamente pela oferta de melhores condições à obtenção de autorização de residência para investidores estrangeiros que subscrevam em Portugal investimentos privilegiados, são muito importantes mas não são suficientes.

Sublinhando sempre que tais incentivos não são cartas de chamada para uma imigração encapotada mas sim uma fórmula inteligente de captar capitais que queiram apostar, de forma séria e não especulativa, nas potencialidades que reconhecidamente possuímos, desde logo em matéria de segurança para os próprios investimentos, importa reforçar a evidência de que tal não basta.

Como disse há uns tempos a um jornalista francês, nenhum destino de sonho, seja no que respeita ao luxo, seja no que respeita ao charme, seja no que respeita à Natureza, deverá ser escolhido sem conhecer a oferta de Portugal, onde se destaca o Algarve, um leque de ofertas que terão realmente e ser tão confortavelmente perto e tão diferentes, sem deixarem de ser europeias.

Hoje, em voos low cost ou na primeira classe do mais recente Boeing, o Boeing A 320, de luxos quase asiáticos, o turismo é uma indústria global em permanente crescimento, a bater recordes todos anos, apesar da crise global, o que implica, da parte da oferta, a necessidade de se reinventar e de se adaptar às procuras tão diversificadas – não há turismo só com Sol e Mar, como em tempos acreditámos.

Poder apresentar-se como o melhor destino de golfe da Europa é um trunfo fortíssimo que o Algarve deve potenciar, sem cair na tentação de imaginar que a procura se fará sem que a oferta desenvolva esforços sérios e eficazes para se dar a conhecer, mostrando-se competitivamente muito melhor do que outros destinos clássicos e não apenas na Europa. 

Se é certo que é, cada vez mais, a procura que faz os mercados, incluindo o do turismo residencial que integra o mais vasto mercado imobiliário, não é menos verdade que a oferta tem de antecipar e adivinhar tendências e vontades dominantes apresentando-se, com evidência, como a oferta que realmente estava na mira da procura.

É preciso que a oferta ganhe o swing adequado para a tacada certa.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP –
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 08 de fevereiro de 2013 no SOL

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