É bom questionarmos sempre tudo, desde que esse questionamento permanente não impeça o normal desenvolvimento do que justifica as nossas dúvidas e, pelo contrário, ajude a consolidar os caminhos certos, às vezes a necessitar de que limemos algumas arestas para os tornar melhor e de mais fácil percurso.
No sector imobiliário, está na moda questionarmos o crescimento do turismo residencial e do consequente arrendamento temporário, no quadro da reconstrução das cidades já existentes e do muito que esse movimento regenerativo e de reabilitação pode fazer pela Economia do país e pela recuperação que todos desejamos.
Falamos, como ainda há uns meses recordava, em gentrificação, em desertificação, nos ruídos nocturnos, nos movimentos pendulares de populações, e também nos edifícios inteligentes, na domótica, num claro rejuvenescimento populacional citadino, na vida nocturna versus vida diurna, as “popup shops” (em Português lojas temporárias), nas lojas de marca. Tudo isto é turismo.
E o turismo é o nosso petróleo. É um atractivo para os investidores que também apostam na reabilitação urbana, em pequenos hotéis instalados em centros históricos, em edifícios reabilitados desenhados de forma a que possam servir como residências temporárias enquanto o fenómeno turístico estiver em alta e posteriormente frações habitacionais de propriedade horizontal.
É preciso encontrar um equilíbrio entre o turismo e a população residente mas o sector imobiliário português não pode deixar de procurar riqueza no filão do turismo. E o Estado tem de acarinhar a dinâmica das companhias aéreas que colocam milhares e milhares de turistas nas regiões, bem como a promoção de políticas que previnam situações potencialmente desagradáveis.
Reconheço, como também já tenho dito, que é perigoso aprofundar soluções urbanísticas que concentrem os serviços numa zona fazendo que essa zona seja densamente povoada de dia e desértica à noite. Como é errado construir bairros residenciais por excelência que são dormitórios quase sem povoamento visível diurno
Nunca é demais referir que o que deve estar sempre no nosso horizonte de empreendedores do sector imobiliário é esta ideia de refazer cidades para os cidadãos, num quadro onde a Reabilitação Urbana é fundamental para dar novas oportunidades às cidades e para aproveitar um potencial único – o do turismo – que não podemos desperdiçar.
A meio de um ano particularmente feliz nesta matéria da promoção turística de Portugal, promoção que beneficia da boa imagem que rodeia o nome Portugal, e quando tudo indica que o próximo semestre irá superar todos os recordes já alcançados nestas áreas do turismo residencial e da Reabilitação, ser realista é não recuar nesta aposta do turismo como o nosso petróleo.
Como a verdadeira joia da coroa do nosso desenvolvimento económico. A merecer um permanente questionamento, para que se detectem a tempo todos os erros graves que possamos estar a cometer, mas sem por emacias o próprio turismo, inquestionavelmente um dos pilares da nossa recuperação.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 27 de Julho de 2016 no Público