Há um ano, neste mesmo espaço, registava com enorme satisfação a abertura, em Albufeira, de um hospital com atendimento permanente e com as principais valências, estrutura que algumas vezes reclamei como necessária ao Algarve, nomedamente nas principais cidades turísticas da região.
É elementar que nos grandes centros turísticos exista uma oferta hospitalar digna deste nome. Nem quer, em qualquer circunstância mas menos ainda em férias, adoecer a ponto de precisar de cuidados médicos. Mas ninguém está livre de que isso aconteça e um destino de férias só se afirma se tiver serviços de saúde, públicos ou privados, à altura.
Uma rede hospitalar assistencial adequada às exigências de uma enorme população flutuante durante a chamada época balnear de férias é um dos principais pilares para um turismo de qualidade. Sem uma oferta neste campo realmente fiável não há turismo que possa resistir.
Infelizmente, um serviço de sáude, público ou privado, não se ergue exclusivamente pela construção física de hospitais ou de outras unidades assistenciais. É preciso que esses espaços de atentimente estejam convenientemente equipados e, principalmente, que haja profissionais em número suficiente para assegurar o serviço.
E não vale que os serviços públicos lavem as mãos relativamente às eventuais carências de profissionais de saúde nas estruturas privadas, nem vale condicionarmos a capacidade de resposta neste campo a uma disponibilidade financeira suficientemente dotada para que seja possível aliciar profissionais de saúde para trabalhar sazonalmente.
Quando o nosso Turismo quer e pode apresentar-se como alternativa real para novos mercados, por exemplo para os turistas que desistem de alguns destinos de forte instabilidade social e política na bacia do Mediterrâneo, garantir uma oferta hospitalar digna desse nome é, na Europa, absolutamente vital.
Volto ao tema, com a tranquilidade de quem a ele já se referiu, legitima e esperançadamente pela positiva. Desta vez para testemunhar como um turista, disposto a pagar mais do que qualquer taxa moderadora, pode desesperar horas num atendimento com serviço de urgências.
A carência de profissionais de saúde (nas zonas turísticas em épocas altas) é um problema que tem de ser solucionado em conjunto pelos serviços públicos e privados e é fundamental para consolidar o turismo. Podemos construir bons e adequados edifícios hospitalares mas sem profissionais de saúde eles serão como as obras do fidalgo na freguesia de Vila Boa de Quires, no Concelho do Marco de Canavezes – uma fachada barroca setecentista de um edificio nunca acabado.
Não se sabe ao certo as razões pela quais as chamadas Obras do Fidalgo de Vila Boa de Quires, desenvolvidas entre 1740 e 1760, tiveram de ser interrompidas e ficaram pela fachada que ainda hoje se ergue naquela freguesia como um exemplar, incabado, da arquitectura barroca portuguesa. O que sabemos é que os hospitais dos grandes centros turísticos não podem ser pouco mais do que uma fachada. Isto se quisermos consolidar o Turismo, uma das nossos melhores fontes de receita.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederção da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimop.com
Publicado no dia 30 de Agosto de 2013 no SOL