O renascimento de Madrid como capital europeia reconhecida, com a transição do Estado Espanhol para a Democracia, ganhou uma dimensão mediática invulgar sob a expressão Madrid Me Mata, três émes para uma movida diferente, naturalmente muito dinâmica, que se traduzia em múltiplas áreas de atividades, do imobiliário às artes plásticas.

O Salão Imobiliário de Madrid (SIMA), que se realiza no mesmo espaço onde também tem lugar a mítica ARCO, a Feira de Arte Contemporânea de Madrid, já foi o mais importante salão imobiliário da Europa em consonância com o renascimento da capital do Estado Espanhol e um espaço muito procurado pela América Latina, sempre ávida de investidores europeus.

Ali, o Brasil imobiliário, para lembrar apenas um dos exemplos mais paradigmáticos, vendeu muita primeira linha de mar numa aposta que também contribuiu para que a economia brasileira seja hoje uma das economias emergentes no Mundo. Um sucesso talvez maior do que o próprio destino Espanha, apesar de se pensar que a Europa exerce um fascínio especial sobre os sul americanos.

Na verdade já não é bem assim. Hoje, os sul americanos que têm condições e procuram investir fora dos respectivos países parecem mais fascinados pela Florida, em especial por Miami, do que por Lisboa ou Madrid. Em Espanha, em especial nas regiões mediterrânicas do Sul, cresceu uma bolha imobiliária desmesurada, mas em Lisboa e em todo o Portugal não, o que faz do nosso imobiliário um bom destino europeu para investimento.

Que terá Miami a mais? Amenidade climática? Também a Europa do Sul a tem com a vantagem de ter outras amenidades que a Florida não tem, como sejam as relacionadas com um ambiente social generalizadamente acolhedor, um baixíssimo índice de criminalidade e um tradicional e reconhecido bom acolhimento dos visitantes estrangeiros. Além de ser Europa.

Claro que neste mundo globalizado é preciso promover e bem as nossas cidades e regiões. A série televisiva CSI Miami de difusão global é realmente eficaz na promoção daquele destino norte-americano. Temos de aprender com os melhores no que toca à promoção das nossas cidades. 

Não precisamos de um CSI Lisboa para branquear alguma insegurança que dificulte a promoção turística como dificultará a que possivelmente existe em Miami, mas precisamos de afirmar a nossa oferta imobiliária como um destino seguro para investimento e para escolha de férias, um destino que mantém a mais valia do fascínio europeu. Além de criarmos condições competitivas para o próprio investimento no sector.

Eis uma reflexão proporcionada pela minha deslocação ao Salão Imobiliário de Madrid, que decorreu na passada semana, com dignidade mas muito longe da dimensão e da força que teve quando justamente era considerado o mais importante salão imobiliário da Europa. Uma reflexão que é também um contributo para conseguirmos evitar cair nos erros em que outros mercados caíram e manter este sector na primeira linha do esforço nacional para o crescimento e a recuperação económica em que estamos empenhados.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 25 de abril de 2012 no Público

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