Nem Bento XVI, que no fim-de-semana passado esteve em Santiago de Compostela e em Barcelona, o Papa conterrâneo de Ângela Merkel, a chanceler alemã que a Democracia Cristã recrutou nos ex-comunistas da antiga Alemanha de Leste, nem Bento XVI conseguiria ser mais papa do que os papistas que advogam e parecem desejar o regresso do FMI a Portugal.
Nesta nossa terra tocam, quase sem parar, os sinos a rebate, num ensurdecedor aqui d’el rei desencadeado como se vivêssemos num novo inferno, gelado de Inverno e quente no Verão. O barulho é tal que nem ouvimos Jacques de Larosière, ex director-geral do FMI, elogiar as soluções que Portugal está a adoptar e dizer que as agências internacionais deveriam subir-nos o rating.
Somos, de acordo com o relatório Doing Business 2011, a 31ª economia do Mundo (entre 183 países) no que toca a ambiente propício a negócios, e, o país mais rápido do Mundo a registar a propriedade de imóveis, mérito que cabe inteiramente ao projecto Casa Pronta e que nos coloca ao lado de países como a Noruega e a Suécia.
Nós, por cá, continuamos a preferir o exercício masoquista de dar tiros no pé, denegrindo aquilo que outros, com autoridade e rigor, aplaudem, como é, por exemplo, o caso do projecto Casa Pronta, alvo da incompreensível incompreensão de alguns cavaleiros de triste figura que acabam por proteger, mesmo que involuntariamente, os que inventam dificuldades para venderem facilidades.
Como é possível avançar com determinação num desenvolvimento económico, que, também assente na investigação e no reforço das novas tecnologias de informação, para usar expressões consensuais, quando há ainda gente, supostamente com responsabilidades, a remar contra a maré e a tentar anular avanços significativos neste caminho da modernidade?
Os indisfarçáveis ataques ao projecto Casa Pronta, tendo por base concepções obsoletas da sociedade que foram plasmadas na legislação, no tempo em que a população era dominantemente analfabeta, visam um retrocesso inaceitável e têm o triste condão de nos desmoralizar e de nos desmobilizar para a tarefa de resistir, desde logo, aos que se mostram mais papistas do que o Papa.
Incluindo, nestes intransigentes defensores do Papa, a Senhora Ângela Merkel, que utiliza em proveito eleitoral próprio a situação financeira de países como Portugal, com considerações que lançam suspeitas, da forma mais insidiosa que é a subjectiva, sobre a nossa capacidade de honrarmos os nossos compromissos à luz dos nossos princípios.
Dispensam-se bem todos os angelicais aqui d’el reis que nos rogam.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 10 de Novembro de 2010 no Público Imobiliário