Aquela história de um jovem, muito bem comportado mas sem sucesso visível, que se fartava de pedir, em vão, aos deuses, o milagre de um prémio gordo do Euromilhões sem perceber que, pelo menos, teria de jogar, essa parábola bem pode aplicar-se também aos países.

Que importa, por exemplo, que o nosso imobiliário tenha resistido à crise sem sucumbir à tentação das bolhas imobiliárias, que seja um imobiliário construído com elevada qualidade e como tal um bom e seguro investimento se nós não o promovemos interna e externamente como convém.

Os deuses não podem fazer o milagre da divulgação do nosso imobiliário se nós não tivermos a capacidade de o promovermos, nos locais certos e com os meios adequados de forma a que se saiba que o sector, em Portugal, é um bom refúgio para quem procura alternativas para investimentos seguros.

Os sinais positivos que, nesta área, fizeram-se sentir na segunda metade de 2013, quer junto de emigrantes portugueses em férias no nosso país quer junto de investidores estrangeiros atentos às boas oportunidades de negócio podem consolidar-se se tivermos atuações concertadas nesse mesmo sentido.

Os 600 milhões de euros em investimento no nosso país que entraram em 2013 à boleia das autorizações de residência concedias pelos “Golden Visa” podem e devem multiplicar-se várias vezes, não só pelo poder de atração que esses investimentos geram, como também, e principalmente, pelo efeito de contágio junto de outros potenciais investidores estrangeiros.

Mas para que tal possa acontecer é preciso estar nos locais certos, nas feiras internacionais do sector, nos fóruns económicos e nos media a promover uma efetiva oferta de qualidade capaz de captar investimentos tão necessários á nossa Economia mas também capaz de proporcionar uma real oportunidade de negócios a quem quer investir em segurança.

Como sempre digo, o imobiliário português, no novo e no renovado pela reabilitação e regeneração urbanas, continua a ser um motor com o qual a Economia pode e deve contar. Mas importa dá-lo a conhecer, ter meios para o dar a conhecer e reconhecer que as verbas canalizadas para este fim nunca poderão ser consideradas um gasto excessivo e desnecessário mas um investimento necessário.

Seria bom que tivéssemos capacidade para produzir filmes que projetassem a boa imagem das cidades portuguesas que podem oferecer  qualidade de vida a quem as procurasse, mas há outras fórmulas de promover o imobiliário turístico, diretamente no mercados que tradicionalmente nos procuram e noutros, emergentes, que começam a procurar no estrangeiro produtos imobiliários  como aqueles que possuímos.

Mas também aqui o país tem de ser suficientemente inteligente para apoiar aqueles que estão em melhores condições de promover eficazmente a nossa Economia, pela via da “exportação” do nosso imobiliário, ou seja, temos de saber integrar as empresas e os profissionais certos nas embaixadas da diplomacia económica que temos de promover para que aquele milagre possa realmente acontecer.

É também para apoiar ações desta natureza que devem servir algumas verbas disponibilizadas pela Europa.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 21 de fevereiro de 2014 no SOL

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