Nos últimos dez anos, só no segundo trimestre de 2001, o volume do Produto Interno Bruto (PIB) conseguiu aumentar num valor superior a 3%. Nesta década, além deste recorde de 2001, só no 1º trimestre de 2002, no 2º de 2004, no 4º de 2006 e nos quatro trimestres de 2007 o aumento do PIB, em Portugal, superou os 2%. Isto significa que, o aumento de 1,2% do PIB no último trimestre de 2010 está na média da década.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), que adiantou estes números na estimativa rápida relativa ao 4º trimestre de 2010 que divulgou no passado Dia dos Namorados,  o contributo das exportações de bens e serviços para esta variação homóloga do PIB manteve-se elevado neste trimestre, embora um pouco inferior ao observado no trimestre anterior.

Ainda segundo esta credível fonte do Instituto Nacional de Estatística – que  cito ipsis verbis – “as despesas de consumo final das famílias residentes desaceleraram, apesar do crescimento expressivo da componente de veículos automóveis, enquanto o investimento registou uma diminuição homóloga menos intensa, comparativamente com o verificado no 3º trimestre.

Estes números (e outros relacionados, como os do desemprego ou do índice de bem estar social) estão longe de condizer com o objectivo estratégico traçado pelo Conselho Europeu de Lisboa, de Março de 2000, fixado, como meta União Europeia para a década, no primeiro lugar no podium mundial das economias do conhecimento, condição indispensável para garantir um desenvolvimento económico sustentável, com mais e melhores postos de trabalho e uma maior coesão social.

Esta performance não é, naturalmente a desejável, mas não mostra agora, neste nosso presente momento, uma quebra claramente acentuada, comparativamente com os valores registados nos últimos dez anos, nem escandalosamente díspares no contexto europeu, embora, diferenças de décimas em matéria de crescimento possam ser muito significativas.

Não sendo especialista nesta área e reclamando-me apenas da qualidade de empresário e dirigente do movimento associativo empresarial atento aos sinais visíveis da nossa realidade económica, atrevo-me a dizer que o nosso mal económico, do qual permanentemente nos queixamos, não é um resfriado do momento mas uma espécie de doença crónica, contraída há muito tempo, cuja cura exige mudanças radicais nas atitudes.

Todos – em todas as áreas de actividade – temos de contribuir para esta mudança.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 18 de Fevereiro de 2011 no Diário de Notícias

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