Os Portugueses e a Economia portuguesa precisam de continuar a confiar na Caixa, leia-se Caixa Geral de Depósitos, como uma instituição do país que é, pelo menos no plano subjectivo, muito mais do que um banco, mesmo sendo o grande banco que é e um dos maiores da Europa.
A própria Caixa ou quem trata da imagem da Caixa sabem bem disto. Está ainda na memória de muitos uma campanha de promoção desta instituição financeira protagonizada, entre outros, por Filipe Scolari, quando este levou a Selecção Nacional de Futebol à final do Euro 2004. Caixa é banco, dizia Filipão reproduzindo a deixa que o guião do sketch publicitário lhe atribuía.
Mas já na altura a Caixa era muito mais do que um banco, continuando a ser um banco. Era, como é, o banco do Estado, ou seja de todos nós, um dos poucos que faz com que a esmagadora maioria da população pare para ouvir as noticias que o envolvem, mesmo que os temas financeiros nada lhes interessem.
Essa população que não usa cheques, nem cartões de acesso às máquinas ATM, vulgo multibanco, é a mesma que vai à Caixa actualizar a respectiva caderneta, todos meses, para ver se a pensão de reforma entrou no dia previsto ou se os pagamentos que são feitos pela caixa foram os devidos e não acima dos devidos. Conheço quem guarda religiosamente todas as cadernetas da Caixa, numa espécie de história financeira de mais de meio século.
Esta população nem quer ter o pesadelo de imaginar que a Caixa, um dia, possa falhar-lhes.
Esta população e não só. Esta população e também as pequenas e médias empresas, muitas das quais só confiam na Caixa esperançadas que a própria Caixa também confie nelas, como se espera, ou seja, por outras palavras, que a Caixa assuma uma das suas mais nobres vocações que é a de dinamizar a Economia portuguesa. Caixa é de facto muito mais do que banco e deixar perder isto pode ser muito preocupante.
Daí esta minha preocupação por este longo e escusado folhetim a envolver o banco do Estado, o nosso banco, um dos únicos que mereceram a confiança dos aforradores mais humildes para guardar as respectivas poupanças antes guardadas debaixo dos colchões. São instituições como esta que podem salvar a imagem muito abalada que a banca, na sua globalidade, tem vindo a acumular.
A estabilidade da Caixa Geral dos Depósitos interessa aos Portugueses, à Economia portuguesa e até à restante banca. É fundamental que tenhamos isto bem presente, neste momento ainda difícil que estamos a atravessar em Portugal e no Mundo. E é fundamental que estas questões pesem na hora de tratar dos assuntos que à Caixa dizem respeito. Não os adiando muito mais que ontem já era tarde para os tratar com os cuidados exigíveis.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 20 de Julho de 2016 no Público