Um dos grandes problemas com o qual o sector imobiliário se depara atualmente é com a falta de stock imobiliário, sobretudo nas grandes cidades.

Há cada vez menos casas, e a pouca construção nova que existe não chega de forma alguma para dar resposta às necessidades crescentes da procura.

Tudo isto, faz com que a conhecida “lei da oferta e da procura” tenha um impacto maior do que aquilo que seria desejável em determinadas regiões do País, nomeadamente em Lisboa, Porto e Algarve, onde algumas zonas já atingiram preços absurdos, que estão muito aquém das possibilidades da generalidade das famílias portuguesas.

Por isso, um dos grandes desafios que se apresenta no mercado, é a necessidade de renovar o stock existente.

Ao olhar para os números, não é difícil perceber: em 2017 foram licenciados 13.918 fogos para construção nova, um número que representa cerca de 1/10 do número de fogos licenciados em 2001. E a reabilitação urbana não chega para dar resposta à necessidade habitacional que se verifica.

Esta aposta na construção nova, não é um capricho, é uma urgência, que será positiva para todos, nomeadamente para o mercado imobiliário que terá finalmente condições para poder aliviar os preços que estão a ser praticados, conseguindo diluir estas “bolhinhas” especulativas que já começaram a dar sinais de vida nas zonas mais nobres das grandes cidades do país.

Todos sabemos que neste bom momento que o mercado atravessa há quem esteja sedento de ganhar muito dinheiro, e ganhá-lo todo duma vez, mas quem quer o bem deste sector deve querer que o imobiliário cresça sim, mas de forma sustentável, que o permita manter-se dinâmico por muito tempo, evitando euforias desmedidas que ponham em causa esta retoma da qual nos devermos verdadeiramente orgulhar.

Conseguimos ultrapassar uma crise dificílima e temos hoje um mercado imobiliário mais são e diversificado, com características muito diferentes das que tinha em anos que dependia quase plenamente do crédito. Hoje, há cada vez mais investimento feito sem recurso a empréstimos, quer por estrangeiros, quer pelo próprio mercado interno, dificultando a existência de uma bolha imobiliária em Portugal.

Se no passado conseguimos bem fintar a existência de uma bolha imobiliária pela desvalorização do nosso património construído, importa agora que também saibamos evitá-la pelo crescimento abrupto de preços.

Sou defensor de que dificilmente viveremos uma verdadeira bolha imobiliária em Portugal, devido às assimetrias regionais que o mercado apresenta de Norte a Sul do País, mas a existência destas “bolhinhas” não deixa de ser preocupante para quem quer ver um mercado saudável por mais anos.

Os preços não podem subir até ao céu, e como se diz “quanto maior se sobe, maior é a queda”.

É melhor que saibamos subir aos poucos e com segurança, do que subir tudo de uma vez, sem para-quedas que nos apare.

 

Luis Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 09 de maio no Jornal Público

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