Quando é difícil escolher, face à elevada qualidade de muitos dos candidatos, um empreendimento como o melhor empreendimento do ano, do âmbito dos prémios nacionais do imobiliário que a revista Imobiliária, há 15 anos, anualmente organiza para premiar a qualidade e a inovação da promoção, podemos dizer que, o sector da Construção e do Imobiliário está no bom caminho, até mesmo para se assumir como um dos pilares da recuperação económica que o país exige.
Este ano, o júri deste concurso, que tive a honra de integrar, conheceu aquelas dificuldades em todas as categorias de empreendimentos a concurso, da habitação ao turismo, passando pelos escritórios, pelo comércio e pela indústria, como aliás foi tornado público na cerimónia de proclamação dos vencedores, uma festa concorridíssima que decorreu com a pompa e a circunstância adequadas num hotel de Lisboa, em noite futebolística de meia-final da Liga Europa.
Socorro-me desta coincidência para sublinhar que, a disputa no concurso dos prémios nacionais do imobiliário conheceu um equilíbrio muito mais próximo do verificado no jogo que opôs o Benfica ao Braga, jogo que, como se lembram, nessa noite terminou com a vitória dos benfiquistas por 2 a 1, num equilíbrio muito maior do que o ocorrido no Dragão, com a goleada do Porto ao Villarreal, por 5 a 1. Na verdade, estando todos os candidatos num patamar elevado, nenhum vencedor se impôs de forma tão evidente, o que é bom sinal.
Como é bom sinal o facto de existirem empreendimentos imobiliários de elevada qualidade, promovidos por investidores estrangeiros que mereceram justo destaque, numa clara manifestação de confiança no futuro de Portugal e, por inerência, na nossa Economia, apesar das vicissitudes que estamos a atravessar, num momento de particular e desagradável turbulência que pode esconder e tem escondido muitas das nossas próprias capacidades como país empreendedor que também somos.
A cerimónia dos chamados “Óscares” do Imobiliário português, que manteve o patamar habitual destas cerimónias, teria sido uma óptima oportunidade para aqueles que estão entre nós, escrutinando a nossa realidade (com vista a elaboração de um diagnóstico económico e de uma prescrição necessária), poderem ter uma visão mais global do que nós somos e do que somos capazes de criar, mesmo em contextos difíceis como o que vivemos e sem qualquer complexo de inferioridade.
Julgo mesmo que, um olhar atento ao portfólio de empreendimentos a concurso mostra alguns dos caminhos mais seguros para o sector da Construção e do Imobiliário, tendo em conta o papel que este pode e deve desempenhar na presente conjuntura – a reabilitação urbana, um novo que se justifica pela grande atenção que dê à inovação e à sustentabilidade e novos paradigmas na oferta no segmento do turismo residencial, qualquer destes segmentos bem representados neste concurso, estão entre as soluções em que devemos apostar.
Sem goleadas, a noite dos Óscares até serviu para provar um bom Pynga Selection Branco de 2009, feito com castas Viognier e Alvarinho, na região de Torres Vedras, um produto que é também uma prova do empenho da jovem geração portuguesa pois tem a marca de um jovem enólogo – Pedro Marques – que, a par do irmão que se encarrega das relações públicas, acabaram a noite, por esta via, entre os premiados, mesmo sendo ambos dos mais discretos “sponsors” da cerimónia.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 4 de Maio de 2011 no Público Imobiliário