Se cada português aumentar o consumo de produtos nacionais, numa média diária de 50 cêntimos (aumento que poderá ser compensado num corte idêntico em produtos importados), a Economia portuguesa crescerá mais e haverá condições para criar mais emprego. Eu defendo e assumo, tanto quanto possível, este nacionalismo.
Estes números, válidos para o Ministério da Economia de Espanha que tem vindo a incitar os espanhóis a aumentarem o consumo de produtos nacionais, fixando a meta de mais 150 euros por ano, são, por maioria de razões, exequíveis e aplicáveis em Portugal, que também compra mais telemóveis finlandeses do que portugueses.
E sabonetes franceses, e rádios despertadores japoneses, e camisas do Sri Lanka, e jeans de Singapura, e trigo norte-americano, e laranjas de Israel, e ferros de engomar alemães, e relógios suíços, e calculadoras coreanas, e galos de Barcelos da China, e tudo ou quase tudo, importado, como li num blogue por onde navego.
Claro que é difícil criar emprego num país assim. É que, não basta sermos os maiores produtores mundiais de cortiça. É verdade que o somos, mas também somos dos maiores produtores de madeira para a celulose necessária à pasta do papel, apesar dos riscos ecológicos desta industria. É preciso ganhar esta consciência global.
Não é preciso ser tão exagerado, como um amigo de um amigo meu que preconizava a exportação de vinho português em ampolas bebíveis (como as de certos remédios energéticos), e ao preço dos medicamentos, mas é preciso ter consciência que qualquer garrafa de vinho estrangeiro sai-nos sempre mais caro, mesmo que o preço, por unidade, pareça em conta.
O segredo do êxito de um slogan publicitário (“o que é nacional é bom”) que muitos de nós gravamos, para sempre, na nossa memória, toca mais fundo do que apenas na simples tecla nacionalista e pode ser um dos caminhos a trilhar nesta caminhada pela nossa própria recuperação económica e pela nossa própria auto-estima.
Isto exige uma profunda reforma de mentalidades, mas, parafraseando o novo Ministro da Economia, das Obras Publicas, dos Transportes e das Comunicações, o Prof. Dr. Álvaro Santos Pereira, numa entrevista recentemente publicada no Jornal das Letras, mas seguramente concedida antes de se saber que ele seria um dos novos ministros, “não temos alternativa, é reformar ou declinar”. Com determinação e optimismo.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 1 de Julho de 2011 no Sol