A banca vai continuar a cortar no crédito. Os cortes vão ser, este ano, pelo menos três vezes superiores do que foram no já apertado ano de 2011, com efeitos junto das famílias e das empresas. Tudo isto para fazer descer o rácio crédito/depósitos que está a ser imposto externamente à banca nacional, com metas apertadas já em 2014.

É sabido que o Setor Empresarial do Estado tem vindo a consumir uma fatia significativa do crédito disponível (necessária, reconhece-se, pois o papel deste setor na Economia é fundamental, em épocas de aperto, e para que ele se exerça é preciso que haja crédito), mas é também importante que haja alguma disponibilidade para o privado.

Sendo certo que é preciso olhar para a Economia que sustenta o Sistema Financeiro, é também importante não inviabilizar a Economia real, a que afeta a generalidade das pessoas, famílias e empresas incluídas, cujas soluções de sobrevivência estão longe de se esgotar nos benefícios que possam receber do Estado.

É bom não esquecer que esta crise nasceu de alguns desmandos cometidos pelo Sistema Financeiro e que a solução encontrada recaiu sobre os Estados, ou seja, sobre todos quantos pagam impostos, diretos ou indiretos, para evitar males maiores. Temos pois, a legitimidade de perguntar, na hora em que nos recusam crédito, por alma de quem estamos a fazer tanto sacrifício?

Não somos seguramente os únicos culpados. Não merecemos pagar duas vezes.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 25 de Janeiro de 2012 no Diário Económico

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