Chegou a correr o boato, segundo o qual, a França iria perder os três A de classificação máxima na escala de resistência das agências de notação, algo equivalente ao diamante na escala  de Mohs, que mede a dureza dos minerais.

O Eliseu, que é como quem diz Sarkozy, mexeu os cordelinhos que podia mexer, e uma das mais famosas agências de rating sentiu necessidade de desmentir o boato, garantindo que os três A da França ainda estão para dar e durar.
 
No rescaldo, uma instituição financeira francesa, foi vítima dos efeitos colaterais desta boataria generalizada e tremeu, temendo pelo futuro, apesar de ser um dos bancos que passou um dos testes de stress a que a banca se submete.
 
Este episódio a correr o Mundo como se fosse uma das clássicas “serpentes de Verão” que, na falta de melhores notícias, costumam encher os média, faz lembrar a história de um grupo de lenhadores apanhados, certo Inverno, por uma avalanche de neve.
 
Todos eles transportavam um pouco de lenha mas, quando o socorro os descobriu, 24 horas depois da avalanche e numa caverna relativamente abrigada, estavam já mortos pelo frio sem que tivessem tentado fazer qualquer fogueira.
 
Quem os conhecia, diz que um era tão avarento que só admitiria ceder a madeira por bom dinheiro, que outro era tão assustadiço que terá guardado a lenha como possível arma de defesa e que todos os outros tinham comportamentos idênticos, por variadíssimas razões.
 
Nenhum foi capaz de ceder a pouca lenha que tinha para iniciar ou manter uma fogueira acesa, o que, seguramente, teria funcionado como um exemplo e, em consequência, poderia ter evitado a morte daquele grupo de lenhadores teimosos e pouco inteligentes.
 
Assim parecem ser os países da Europa e, entre estes, os que adoptaram o Euro. Incapazes de verem os perigos de uma nova era glaciar que poderá congelar a velha Senhora olham para a crise dos outros como se a ela estivessem imunes.
 
Não ter a consciência de que é preciso juntar a lenha para fazer uma fogueira que evite uma prematura era glaciar sobre a Economia da Europa, a da Zona Euro, pode ser uma atitude tão suicida como a daqueles lenhadores que morreram gelados, teimosamente agarrados à madeira disponível.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
 

Publicado no dia 20 de Agosto de 2011 no Jornal de Notícias

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