O valor médio por metro quadrado de avaliação bancária de imóveis aumentou para valores significativos, em especial nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, facto que leva alguns especialistas a concluir que a banca acabou por reconhecer que os imóveis, em Portugal, nunca desvalorizaram como em certos momentos tentaram fazer crer.

A avaliação, agora revista, pode indiciar a hipótese da banca voltar a conceder financiamentos para aquisição de habitação, em percentagem mais elevada relativamente ao valor total do imóvel, diminuído que possa estar o risco de financiar um bem que é a própria garantia do empréstimo e que pudesse tender a valer menos com o correr do tempo. 

Com a taxa de incumprimento no crédito à habitação a baixar a olhos vistos, apesar dela nunca ter atingido, entre nós, valores preocupantes, a prudência dos bancos, ultimamente também transferida para o zelo dos avaliadores, pode e deve começar a abrandar pois os caldos de galinha podem curar, mas se forem em excesso também podem gerar outras fraquezas…

Estas leituras são sugeridas pelos dados relativos a Janeiro de 2010, números que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) já tornou públicos e que também servem para compor a imagem, em muitos sectores abalada,  que a própria banca adquiriu no contexto internacional desfavorável que gerou a actual crise financeira.

O espectro da incerta situação grega, cuja divida pública atingiu valores tais que os credores externos adquiriram o direito de impor regras internas à Grécia, também conta para que possamos compreender, mesmo não aceitando, todo e qualquer comportamento artificial, como é o caso do desce e sobe e do sobe e desce das avaliações de imóveis.

A nossa credibilidade, importante em momentos críticos como os que se vivem, momentos em que todos estão sob rigorosa vigilância, passa muito pela transparência das regras do jogo e estas devem aplicar-se a todos, sem excepção, e nunca serem determinadas pelas conveniências conjunturais de cada momento.

A notícia de um novo ciclo para as avaliações bancárias do valor dos bens imobiliários, agora, subitamente, mais em alta do que num passado não muito distante, vem reforçar a ideia de que os mediadores imobiliários oferecem, como poucos, garantias de idoneidade e equidistância para adquirirem competências em matéria de avaliação.

Nunca, para bom entendedor, meia avaliação bastou.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 03 de Setembro de 2011 no Jornal de Notícias

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