A erupção do vulcão islandês Eyjafjallajokull, a expelir nuvens de cinzas para a atmosfera, teve, pelo menos, o mérito de nos lembrar o quão excessivamente estamos dependentes do tráfego aéreo.

A livre circulação de pessoas e bens, nos territórios onde tal circulação é realmente livre, tem vindo a encontrar obstáculos inesperados de efeitos perversos para as Economias do Mundo da economia de mercado.

A nuvem de cinzas, potencialmente perigosa para o tráfego aéreo, suspendeu milhares de voos,  reteve milhares de passageiros e toneladas de mercadorias, causando milhares de milhões de euros de prejuízo.

A generalidade da população, pelo menos a que é tocada pelos meios de comunicação social, apercebeu-se da enorme quantidade de voos que todos os dias cruzam os céus, e, das dificuldades que existem em mantê-los inactivos no solo.

Só na Europa – a fazer fé do que nestes dias tenho lido sobre esta matéria – contabilizar-se-ão, diariamente, cerca de 25 mil voos. E os aviões parados diminuem a rotatividade das taxas  de ocupação dos hotéis e esvaziam alguns destinos.

Estas vicissitudes provocadas pelo vulcão islandês Eyjafjallajokull, cuja erupção ameaça acordar um vulcão vizinho, tradicionalmente mais violento, devem obrigar-nos a repensar toda a problemática dos meios de transportes.

O incremento das linhas ferroviárias de alta velocidade – transporte praticamente tão seguro como o avião e rápido q.b., pelo menos em médias distancias – deve ser equacionado com um olhar menos condicionado a estratégias de curto prazo.

A velocidade de um comboio de alta velocidade (aponte-se para os 300 km /hora) corresponde a um terço da velocidade de cruzeiro da generalidade dos aviões comerciais, e, faz com que seja possível percorrer 3000 km em dez horas.

Há, seguramente, outros vectores a ter em conta nesta comparação entre o tráfego aéreo e o tráfego ferroviário, mas o que é importante de momento, é equacionar este problema sem, por exemplo, condenar liminarmente o nosso TGV.

Isto mesmo, não tendo em consideração que as linhas ferroviárias de alta velocidade são projectos que geram mais emprego, efeito que tem de ser tido em conta, num contexto de elevado desemprego, como o nosso.

Sem menosprezar o tráfego aéreo, entre um novo aeroporto internacional e uma duas ou três linhas ferroviárias de alta velocidade eu, se tivesse de optar, escolheria os comboios, para não voltar a ficar parado num aeroporto a vê-los passar.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 21 de Maio de 2010 no Sol

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