Todos nós queremos alcançar um paraíso, de preferência na Terra. E mais nestes tempos de insegurança a esvaziar muitos destinos turísticos outrora inquestionáveis e de referência mundial. A ideia do paraíso na Terra é, cada vez mais, a de um lugar que seja ameno em tudo, no clima, no ambiente social e político em tudo. E que tenha uma amenidade natural, não imposta ou conseguida à força. Não há muitos paraísos assim e os poucos que existem tendem a ser caros.

Portugal tem muitas condições para ser um país quase paradisíaco. No sentido equilibrado do termo. Um país onde apeteça estar para umas férias descansadas ou para estadias mais prolongadas como são das daqueles profissionais seniores, já retirados, que fogem do desconforto do frio, do desconforto da hostilidade latente ou mesmo da inquietação permanente que o medo pode gerar.   

O nosso país pode sonhar ser aquele território que, não estando em guerra, para querer sair vencedor, pode dizer que tem o ganho da paz, contrariando aqueles que agoiram dizendo que no Ocidente jamais viverá em paz mesmo que ganhe as guerras em que está permanentemente envolvido. Esta espécie de paraíso vale muito mais do que meia dúzia de paraísos fiscais unidos, por mais anónimos que aí possamos passar.

Não é fácil manter aberto um paraíso assim. É preciso uma permanente atenção à Educação para a Tolerância, para a aceitação do outro e também para a vigilância, eficaz e discreta. Um paraíso turisticamente relevante não se alcança numa sociedade onde o fosso social seja elevadíssimo e tenda a aumentar. Ninguém se sentirá seguro se tiver de testemunhar e conviver, por exemplo, com a extrema pobreza e outras austeridades.

Mas são estes os paraísos a que queremos estar associados. Do Minho ao Algarve, no litoral e no interior, nas grandes áreas metropolitanas e nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores. É esta a nossa melhor oferta, interna e externa. A nossa melhor bandeira para o crescimento e o desenvolvimento sustentável de Portugal sem excluir ninguém. Mas paraísos assim não caem do ceu – é preciso construí-los permanentemente e preservá-los.

 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 25 de Abril de 2016 no Diário Económico

Translate »