Um dos temas que escolhi para a minha intervenção, como orador convidado, do Fórum sobre Construção, Imobiliário e Segurança na Lusofonia que marcou o primeiro dia da Tektónica 2013, prende-se com os cuidados, nem sempre acautelados, que todos nós devemos ter quando apostamos no estrangeiro, seja como investidores seja como prestadores de serviços.

Refiro-me particularmente à necessidade de partirmos para a internacionalização, onde quer que ela possa ocorrer, com um profundo respeito pelas culturas dos países de destino. Tenho testemunhado que há empreendimentos lançados em países estrangeiros, com objetivas condições de sucesso, que falham pelo simples facto de se ignorar as tradições e os hábitos culturais dos países onde tais projetos foram lançados.

Como disse na Feira Internacional de Lisboa, exportar conceitos e modelos de culturas empresariais não é garantia de sucesso, mesmo, como muitas vezes acontece, tais modelos são tido como bons e são bons exemplos de eficácia e de produtividade nos países onde nasceram e onde se impuseram como uma marca identificadora que pode parecer à prova de qualquer experiência.

A experiência, porém, é sempre mais prática do que teórica, e diz-nos que desprezar a obrigação de nos adaptarmos às realidades culturais dos países onde queremos investir e ter sucesso pode ser fatal para o sucesso pretendido. Quem vai para fora é que tem de se adaptar aos usos e costumes dos países de destino e não o contrário, ou seja, esperar que os outros se adaptem às nossas matrizes, por mais ricas que sejam.

Aqui há uns anos, um estrangeiro do Norte da Europa, de um país onde a tentação de olhar para os países do Sul como países onde as populações trabalharão menos, manifestou estranheza ao ver, em Lisboa, que muitos edifícios de escritórios estavam iluminados pela noite dentro, vendo-se, no interior, que havia gente a trabalhar. Na terra dele os escritórios fecham à hora certa e ninguém trabalha para lá dessa hora.

A lição que este simples olhar, com olhos de ver, proporcionou a esse visitante estrangeiro de passagem por Lisboa, é a mesmo que temos de aprender quando partimos, em regra também para Sul, apostando na internacionalização dos nossos capitais ou dos nossos saberes específicos e capacidade técnicas. Uma lição que aprendemos mais facilmente se soubermos encontrar as parcerias adequadas.

Como disse em Lisboa, falando na qualidade de Presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), as parcerias locais, pelo contributo de quem vive e conhece o espaço onde possa estar a nascer um investimento com interesses e capitais externos, são indispensáveis a qualquer projeto de internacionalização, por mais forte que seja a sua origem.

Conceitos como os da virtude da reciprocidade, só alcançáveis em cenários de cooperação e parceria autênticas, devem fazer parte do ADN das nossas intenções de internacionalização. Trabalhar em conjunto é sempre mais eficaz, e neste Mundo global, só uma cooperação global poderá contribuir para superar os efeitos da crise financeira global que nos atinge a todos.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 13 de maio de 2013 no Diário Económico

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