Quando em nome de D. João II, pela parte do Reino de Portugal, e em nome de D. Fernando II de Aragão e de D. Isabel I de Castela, pela parte do então recém-formado Reino de Espanha, o mundo a colonizar foi dividido ao meio, no Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, sob a bênção do Papa Alexandre VI, Madrid, que significa fonte de água, ainda não era a capital do Reino nem, do outro lado do Mundo, os Estados Unidos estavam unidos e muito menos eram a potencia que hoje ainda são.

Uma divisão do Mundo, tão aparentemente clara como aquela que resultou do Tratado de Tordesilhas, jamais voltaria a ter uma expressão cartográfica tão visível. Nem no período que se seguiu à II Guerra Mundial, no denominado período da Guerra Fria, quando o Mundo estava dividido na fidelidade a duas super potências, Estados Unidos da América e União Soviética, dois países de navegadores se assim quisermos baptizar os Vascos da Gama da conquista do Espaço.

Hoje, que Portugal e Espanha emprestam as primeiras letras dos respectivos nomes para a humilhante sigla PIGS, que pretende identificar os países em dificuldades (as duas restantes referem-se à Irlanda e à Grécia, sendo que a Espanha é aqui consagrada pelo nome em Inglês), hoje o que resta da memoria daqueles tempos de glória é um património imobiliário com alma e história que se vê em Madrid, em Lisboa e até em Angra do Heroísmo, uma cidade construída para ser capital de um Império.

A vida dos Estados, como a das pessoas e até dos salões imobiliários, tem altos e baixos, fluxos e refluxos. Escrevo isto no rescaldo de uma rápida visita a Madrid, para a edição do Salão Imobiliário SIMA 2011, e em vésperas de uma viagem ao Brasil, também por força do imobiliário, onde, aliás, deverei estar no dia em que esta reflexão será publicada. O SIMA 2011 que já reclamou, e muito provavelmente com razão, o título de melhor salão imobiliário do Mundo, ainda resiste mas sem a pujança dos primeiros anos.

O centro do Mundo imobiliário parece estar a deslocar-se para Sul. Por exemplo para o Brasil, país que empresta a primeira letra do respectivo nome a uma sigla do “economês” que é muito mais positiva que a sigla que já citei. Refiro-me à sigla dos países de economias emergentes, os desejados BRIC, identificados pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China. E daqui a uns anos, outros olharão para o património construído nestes países emergentes com saudades destes tempos.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 10 de Junho de 2011 no Diário de Notícias

Translate »