A riqueza que constitui o património imobiliário português pode e deve evitar o triste destino de recurso fácil para salvar situações de aperto financeiro que atinjam as famílias e as empresas.

A necessidade de liquidez, tão necessária às famílias e principalmente às empresas empenhadas em contribuir para a saúde do nosso tecido empresarial, não passa pela liquefação do respectivo património.

Isto tem de ser compreendido, em primeira linha, por quem deveria e deverá assegurar o financiamento da Economia, impedindo soluções emocionais que  ninguém, em boa verdade, aproveita.

Na hora de certos apertos, quem venha a ser forçado a olhar para o património imobiliário como última tábua de salvação corre o risco de agravar a situação vivida sem sequer se salvar.

Até a excessiva profusão de placas a anunciar vendas de imóveis, outrora eficazes para reunir oferta e procura, é hoje fator negativo para o negócio, inclusivamente para as empresas de mediação imobiliária.

A descrição, nesta matéria, levaria mais interessados às empresas mais vocacionadas para dinamizar o mercado imobiliário – as empresas de mediação –  e evitaria tentações suicidas de desvalorização do património.

A tentação dos negócios rápidos, negócios que parecem aliviar situações difíceis do momento, tem retornos de médio e longo prazo que revelam-se, muitas vezes, irreversíveis e nada atrativos.

Comprar para queimar (e assim travar a quebra de preços) 18 milhões de sacas de café em stock na cidade de S. Paulo, como o fez Getúlio Vargas nos anos 30, do século passado, foi polémico, corajoso e lúcido.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luís.lima@apemip.pt

Publicado no dia 30 de junho de 2012 no Expresso

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