Claro que sim, claro que as agências de “rating” fazem parte do sistema a que aderimos e que consideramos adequado, mas é bom não esquecer que foram estas mesmas agências, as instituições que deram notas positivas aos produtos financeiros tóxicos que desencadearam a crise e que obrigaram os Estados a limpar a porcaria que elas tinham deixado fazer, aplaudindo.

Como virgens num bordel, as agências de “rating” que, até cinco minutos da grande surpresa, juravam pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo que certos vales de caixa sobre certos incobráveis estavam acima de qualquer suspeita, estão agora a morder a mão de quem as salvou “in extremis” ao injectar dinheiro público nas falidas instituições que elas promoviam.

Que credibilidade oferecem agências, como por exemplo a Standard & Poor’s que atribuía o rating mais elevado (três A como certos óleos que vão ao lume) à Islândia cinco minutos antes do governo islandês anunciar, ao mundo, gravíssimos problemas com no sistema financeiro? E quem as responsabiliza? Ao que parece nem a administração norte-americana que as poderia tutelar.

E a Fitch Ratings que deixou no nosso sapatinho, neste Natal, mais um ataque à nossa credibilidade? É bom recordar que esta agência é a mesma que fez uma avaliação positiva do Lehman Brothers, um mês antes deste banco norte-americano falir, inaugurando oficialmente a crise. Bem vistas as coisas, até pode não ser mau que eles digam mal da gente.

Começa a ser tempo de substituir estas “excelentíssimas” agências por uma entidade menos unilateral e principalmente susceptível de ser democraticamente monitorizada. É o mínimo.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 5 de Janeiro de 2011 no Diário Económico

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