Há dias, em declarações à RTP, o arquitecto Álvaro Siza Vieira, que representará Portugal na próxima Bienal de Arquitectura de Veneza, de 28 de Maio a 27 de Novembro, lembrou, a propósito da temática que leva à Bienal (Arquitectura e o Social) que a Arquitectura moderna está muito ligada ao Social e à necessidade de criar boas habitações para as populações, não sendo uma coisa exclusiva das pessoas que têm muito dinheiro.

Às vezes, como deduzo de exemplos de grandes obras assinadas por este grande nome da Arquitectura Mundial, um dos nossos prémios Pritzker  e Leão de Ouro da própria Bienal de Veneza, entre outros títulos, os projectos sociais demoram a concluir-se – Bairro da Bouça, no Porto, projecto da ilha da Giudecca, em Veneza – mas eles encerram sempre a capacidade de oferecer às pessoas a interligação, hoje fundamental, entre gente de origem diferente.

A arquitectura é uma das artes que maior capacidade tem de antever e idealizar a solução desejável de qualquer projecto imobiliário, solução muitas vezes avançada antes do momento certo. Esta capacidade de identificar e perceber o momento do nosso imobiliário é tarefa que compete muito mais aos profissionais do próprio sector, nomeadamente aos que, como eu, têm o dever de aproximar, nesta área, a oferta da procura.

Ainda há dias, na Assembleia Geral da Associação de Profissionais de Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que discutiu e votou o orçamento da associação para 2016, tive oportunidade de me referir à importância de se perceber o momento do nosso imobiliário, dando continuidade ao trabalho que muitos outros grandes profissionais, entre os quais, naturalmente os arquitectos, desenvolvem seriamente.

Todos nós temos obrigação de contribuir, com a lucidez que a vida e os negócios exigem, para fazer de Portugal um país capaz de gerar mais riqueza e de a distribuir de forma equilibrada e duradoura por muito mais gente. Todos nós, incluindo aqueles que escolheram o sector imobiliário para trabalhar, acreditando que este sector se impõe como um dos mais importantes na frente do crescimento e do desenvolvimento económicos.

É neste ponto que a capacidade de se perceber, a cada momento, que momento vive o nosso imobiliário torna-se vital. Muito mais nos tempos que vivemos, onde ainda há campo de manobra para desenvolver trabalho necessário neste sector, e onde, pela realidade que temos vindo a testemunhar, o próprio imobiliário renasce, fazendo renascer as cidades onde volta a marcar terreno, e oferece-se como porto seguro para investimentos legítimos e seguros.

No dia em que a Assembleia Geral da APEMIP se realizou, em instalações da Avenida da Liberdade em Lisboa, alguns acessos a esta mesma avenida estiveram interrompidos por força de uma manifestação de clientes de uma instituição bancária que, com alguma regularidade, têm vindo a mostrar-se descontentes e sentirem-se lesados nos seus direitos de clientes que perderam investimentos que não contavam perder.

Esta realidade é outra face da análise que todos temos de fazer para bem percebermos, a cada momento, o momento do nosso imobiliário. No que aos profissionais e às empresas que represento neste sector, diz respeito,  com o reconhecido contributo que temos vindo a desenvolver, a defesa do sector e deste momento em particular, como um momento propício a novos sonhos de crescimento e desenvolvimento, nunca esteve tão claramente evidente.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 8 de Fevereiro de 2016 no Jornal i

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