Ter ou não ter Ministério das Obras Públicas não será a questão, como em certas análises, às vezes, parece transparecer. Mesmo sem pasta autónoma das Obras Públicas, algum Ministério e o correspondente ministro, seja ele quem for, irá tutelar este vasto sector que contempla a Construção e o Imobiliário. A questão é outra. A questão é a de haver ou não obra, não obrigatoriamente só obra pública, pois dessa dinâmica dependerá muito da recuperação que temos de encetar.

E nem tudo passa pelo Governo ou pelo Ministro das Obras Públicas, quer ele exista com este nome ou sob o pseudónimo de outro ministério. A descapitalização das empresas com as exigências bancárias da renegociação dos empréstimos, acompanhada de novas garantias, muitas das quais quase abusivas, é mais grave para o sector do que, eventualmente, não ter um Ministério e um ministro na tradição de Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro, o português dos Açores que foi o grande ministro das Obras Públicas de Fontes Pereira de Melo.

Na verdade, este nosso país precisa de um certo fontismo. Fontismo moderado, entenda-se, dados os condicionalismos das nossas contas públicas, mas mesmo assim, alguma obra que dinamize o sector e recupere postos de trabalho perdidos. E não precisa – como alguns possam pensar – de fazer rebaixas sobre rebaixas nos produtos imobiliários herdados, como se estes fossem sapatos de fim de estação, ou seja, em linguagem popular, monos.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt
 

Publicado no dia 15 de Junho de 2011 no Diário Económico

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