A República do Chipre ocupa dois terços da ilha homónima que é uma das fronteiras simbólicas entre a Europa e a Ásia. Fica na zona oriental do Mediterrâneo, a cento e poucos quilómetros da Turquia, da Síria e do Líbano estando também mais perto do Norte do Egipto do que da Grécia (Rodes), país que, como a República do Chipre, integra a União Europeia e a Zona Euro.

Está numa zona geoestratégica de primeira grandeza, cuja importância justifica as velhas relações de amor e ódio entre a Alemanha e a Rússia, relações que a recente crise financeira cipriota, que entronca na crise financeira global, não se preocupou em disfarçar nomeadamente quando projetou mediaticamente supostas reações de Angela Merkel contra a aproximação dos cipriotas aos russos.

O Mundo que existe num triângulo imaginário cujos vértices sejam Berlim, Moscovo e Nicósia é imenso e nele caberia Portugal, a Espanha, a França, a Irlanda do Norte e ainda sobraria muito mar e muita terra. A História e a Geografia são ciências indispensáveis à Política, mesmo para repetir o lugar comum da pequenez do Mundo e para lembrar que nós, por cá, estamos precisamente na periferia oposta da Europa.

Isto, claro, não nos torna imunes aos problemas financeiros que assolam as Economias de Mercado, em especial nos países com dívidas soberanas elevadas, mas também não faz de nós uma espécie de reflexo mimético da grave situação que vivem os cipriotas, mensagem que, no presente contexto, deve ser transmitida com clareza e autoridade para que a confiança dos portugueses não seja mais abalada do que já está.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 30 de março no Expresso

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